Em 1812, como resultado do aumento da influência norte-americana no globo, as escaramuças com os britânicos sucediam-se, levando James Madison e o Congresso a declarar guerra à Grã-Bretanha. No mar, a grande potência europeia dominava e o Congresso viu-se na contingência de emitir cartas de corso de modo a aumentar a sua influência. Munido de uma destas cartas, o capitão Samuel C. Reid partiu de Nova Iorque, a 9 de Setembro de 1814, em direcção aos Açores a bordo do brigue General Armstrong. A tripulação de 90 homens ancorou, no dia 26 de Setembro, pelo meio-dia, no porto da Horta para proceder à aguada. No entanto, um pouco antes do pôr do Sol, dobraram a ponta nordeste do porto da Horta três navios ingleses.

Não confiando na neutralidade do porto, o capitão Reid manobrou de modo a que o seu navio ficasse sob a protecção das peças de artilharia portuguesas. A partir deste ponto, as versões do sucedido divergem: para os britânicos, o General Armstrong teria provocado os ingleses; para os americanos, ocorreu uma tentativa de abordagem por quatro escaleres ingleses. Às 20 horas, Reid mandou fazer fogo sobre os escaleres. Despeitado, um dos comandantes ingleses ordenou o envio, por volta da meia noite, de mais 12 escaleres de assalto, que viriam igualmente a ser destroçados.


Num acto de desrespeito pela neutralidade portuguesa, os ingleses ordenaram a um dos brigues que bombardeasse o corsário americano. Nem as casas nem a população faialense escaparam à barragem de artilharia que venceu a tripulação do General Armstrong.

figura de proa

A figura de proa do navio foi transportada para uma das residências do cônsul Dabney no Faial. Em 1867, foi doada pela família Dabney ao Museu Navy Yard de Charleston. Cortesia de Naval History & Heritage Command

Após ter inundado parte do casco e obstruído as bocas de fogo, o capitão Reid deu ordens para o abandono do navio, dirigindo a tripulação para terra. Um dos tripulantes recuperou a figura de proa que representava o general Armstrong, de modo a que esta não fosse capturada. Logo após a sua saída, o navio foi abordado por um destacamento inglês que, depois de o saquear, o fez arder.

Após o afundamento, o capitão Reid protestou pela afronta que sofrera ao ver destruído o seu navio, num porto neutro e a estupefacção que sentira pela incapacidade portuguesa para fazer valer a neutralidade. Reclamava uma compensação pelos danos sofridos. Levado o assunto às instâncias internacionais, faltava provar quem tinha em primeiro lugar violado a neutralidade portuguesa.

O árbitro nomeado, Napoleão III, decidiu em favor dos ingleses, mas a disputa prolongou-se. Em 1884, por fim, o filho de Reid viria a gozar de uma indemnização de 70 mil dólares atribuída pelo Congresso.