O Paço de Ourém é um extraordinário exemplo de um castelo adaptado a residência. Ao passo que no Castelo de Leiria se verificara um investimento régio, em Ourém e em Porto de Mós, o principal protagonista foi o 4.º conde de Ourém: Dom Afonso (1403-1460). Neto do rei Dom João I e do Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, o conde nasceu num berço de ouro, beneficiando de uma educação esmerada na corte que lhe permitiu adquirir uma cultura acima da média. Os recursos financeiros obtidos por herança levaram-no a viajar pelos mais importantes círculos culturais da Europa da segunda metade do século XV: Flandres, Alemanha, Aragão, Itália e Terra Santa.

Como resultado das suas viagens e, principalmente, do contacto com a cultura europeia da época, Dom Afonso transferiu para Portugal algumas referências impressas em duas monumentais construções: o Paço de Ourém e o Paço de Porto de Mós.

O Paço de Ourém é uma casa-torre medieval de grande área e de maior aparato bélico do que a generalidade das casas-torre da época. A comunicação interna entre o paço e o castelo realizava-se por um corredor subterrâneo, garantindo a segurança e a privacidade de quem circulava ali. Os torreões foram construídos a mando do 4.º conde de Ourém na década de 1450. Estes dispõem-se com diferentes alturas sobre a muralha da vila com traçado poligonal guarnecido com balcões de matacães.

A imagem simbólica do poder sobre a vila foi o principal motivo do conde para a construção do paço, recorrendo a tipologias militares relativamente avançadas para a época num contexto de implantação arquitectónica em que as regras militares não foram seguidas.

A edificação do paço surge no contexto da necessidade em sediar a cabeça de um condado. Para tal, o 4.º conde de Ourém utilizou uma arquitectura nova na época em Portugal e que provaria aos seus pares o quanto Dom Afonso era viajado e culto. Esta ocorreu a uma cota inferior às do castelo preexistente. A função dos torreões estava certamente relacionada com a existência do paço e não com a vila preexistente. O preexistente castelo, o novo paço e os novos torreões fornecem, em conjunto, uma unidade arquitectónica. Uma passagem coberta unia o paço a uma torre cilíndrica e daí fazia-se a ligação ao castelo. Os dois torreões ligavam-se ao paço, formando uma espécie de pátio exterior.

A reforma empreendida pelo 4.º conde de Ourém destacou e divorciou da vila em definitivo o complexo residencial e militar.

Porém, o legado de Dom Afonso não se restringiu à construção do paço. Numa notável obra mecenática na época, o conde de Ourém patrocinou a construção de uma fonte pública, a redefinição do perímetro muralhado, uma colegiada e diversas obras de arte para enobrecer as obras de arquitectura.

Até na hora da morte Dom Afonso escolheu um dos melhores mestres escultores para lhe esculpir a última morada. Com efeito, Diogo Pires, o Velho, um dos grandes mestres da escultura do final da Idade Média em Portugal, executou o túmulo do conde de Ourém depositado na cripta do edifício da Colegiada desde 1487.

No quadro da arquitectura doméstica, a obra de Dom Afonso, com a construção dos Paços de Ourém e Porto de Mós praticamente em simultâneo, foi um feito inigualável.

PAÇO DE OURÉM

Construção Século XII

Classificação Monumento Nacional

Horários As visitas livres realizam-se de 3.ª feira a domingo, das 10h às 18h no Verão e das 9h às 17h no Inverno. Esta visita só dá acesso ao exterior do castelo. As visitas guiadas, com marcação prévia e que dão acesso ao Castelo e ao Paço, realizam-se de 3.ª feira a domingo às 10h30, 11h45, 14h30 e 16h de Março a Outubro, e às 10h30, 11h30, 14h15 e 15h30, de Novembro a Fevereiro.

Preços Gratuito para crianças até 7 anos; 2,81 EUR dos 18 aos 64 anos;1,68 EUR para jovens dos 7 aos 17 anos, +65 anos.

Contactos: Tel +964 169 726; museu@mail.cm-ourem.pt

mapa Castelo de Ourém