As mulheres que protagonizam o livro de Pamela Toler, “Women Warriors” [ainda sem tradução portuguesa], que abrange vários milénios de história, galopam rumo à batalha, decepam inimigos, ordenam execuções, montam emboscadas e comandam exércitos de dezenas de milhares de soldados. “As mulheres sempre combateram”, afirma a autora. “E nós tendemos a esquecer-nos disso.” Ferramentas modernas como os testes de DNA, complementados por novos exames de artefactos de enterramento e documentos originais, fornecem a historiadores como Pamela Toler informação sobre a vida das mulheres que combateram, com ou sem homens a seu lado. Elas eram líderes “para quem a batalha não era uma metáfora”, diz Pamela Toler.

Cynthia Gorney, baseada no livro de Pamela Toler “Women Warriors: An Unexpected History”. Monica Serrano. Kelsey Nowakowski. Fontes: Adrienne Mayor; Linda Heywood; Beth Anderson; Warwick Ball; Heather Hennes; Linda Demertzis-Bouboulis; Veronica Tiller; Sarah Nelson; Peter Aleshire

mulheres guerreiras

Da esquerda para a direita:

Ca. 1200 a.C. Fu Hao - GENERAL DA DINASTIA XANG

Fu Hao talvez seja a mais antiga mulher guerreira cuja história conhecemos. Primeira esposa do imperador Wu Ding, foi uma comandante militar por direito próprio. Estudos recentes de antigos documentos chineses sugerem que ela comandou tropas e liderou campanhas: encontraram-se mais de cem armas no seu túmulo.

Ca. 358-320 a.C. CYNANE - LÍDER MACEDÓNICA

Cynane, meia-irmã de Alexandre, conquistou a fama de chefe militar talentosa antes de completar 20 anos. Comandou os exércitos da Macedónia, provavelmente combatendo a cavalo. Segundo um autor do século II d.C., Polieno, ela derrotou um exército e matou a sua rainha em combate corpo a corpo.


Ca. 361-411 d.c. MAWIYYA - REBELDE ANTI-ROMA

A rainha viúva árabe Mawiyya, líder de uma aliança tribal chamada Confederação Tanukh, chefiou uma revolta contra os romanos no século IV d.C. no território da Síria. Servindo-se de tácticas de guerrilha do deserto, conduziu as tropas à Palestina, despistando as legiões romanas que acabaram por aceitar os seus termos. 

Da esquerda para a direita e de cima para baixo:

1582-1663 NJINGA - RAINHA DA ÁFRICA OCIDENTAL

Njinga serviu-se de tácticas de guerrilha e da diplomacia para defender os seus reinos, Ndongo e Matamba, dos portugueses. Teria quase 75 anos quando chefiou, pela última vez, o seu exército no campo de batalha. Njinga treinava os soldados, dezenas de anos mais novos do que ela, liderando um exercício de dança guerreira com flechas e lanças.

1771-1825 LASKARINA BOUBOULINA - COMANDANTE MILITAR GREGA

Nacionalista grega, encomendou secretamente um navio de guerra, organizou uma frota e, de seguida, comandou-a na guerra de independência contra o Império Otomano. Foram-lhe atribuídos os créditos da vitória num ataque naval contra um importante porto otomano e recebeu das suas tropas a alcunha de Kapetanisa, Senhora Capitã. 

1780-1862 JUANA AZURDUY DE PADILLA - REBELDE SUL-AMERICANA

Azurduy juntou-se ao marido, Manuel Padilla, como opositora ao poder colonial espanhol no início do século XIX. Organizaram juntos um exército rebelde e combateram nos territórios da Bolívia e Argentina. Ela comandou militares do sexo masculino e prosseguiu as suas campanhas após a morte do marido.

1847-1868 NAKANO TAKEKO - SAMURAI JAPONESA

Takeko chefiou 30 mulheres samurais contra os soldados imperiais numa batalha no Norte do Japão. Utilizou espadas para matar os soldados munidos de armas de fogo. Prestes a morrer devido a um golpe, pediu que lhe cortassem a cabeça e a escondessem para que o inimigo não a pudesse usar como troféu. 

CA. 1840-1889 LOZEN - GUERREIRA APACHE

Guerreira entre os apaches chiricahua, Lozen participou regularmente no esforço guerreiro de finais do século XIX e em expedições de ataque lançadas contra o Sudoeste dos EUA. Terá sido uma grande estratega, com conhecimentos farmacêuticos e especializada em roubar cavalos ao inimigo durante os ataques.

1892-1973 MILUNKA SAVIĆ - HEROÍNA DE GUERRA SÉRVIA

Condecorada com medalhas por bravura em combate, Savić disfarçou-se de homem para combater na Primeira Guerra dos Balcãs. Como acontecia habitualmente às mulheres sob disfarce, foi descoberta quando foi ferida. No entanto, recusou-se a abandonar os combates e prestou serviço militar em três guerras.