No Calcolítico, a região do interior de Portimão, nas imediações de Mexilhoeira Grande, era bastante rica, quer pela fertilidade do terreno quer pela proximidade de cursos de água. Numa das elevações locais, instalou-se uma comunidade que se dedicou à agricultura. Em vida, cultivava a terra, mas, quando morria, cumpriam os rituais funerários da época. Os vestígios do núcleo populacional e a necrópole quase anexa constituem os monumentos megalíticos de Alcalar.

alcalar

Escavações. No final do século XX, o túmulo 7 foi escavado por Rui Parreira e Elena Morán. 

1. Referência. Não há outra necrópole de tholoi em Portugal como a de Alcalar. Estes monumentos funerários são marcados por uma falsa cúpula. Têm sempre câmara e corredor. 2. Enterramento colectivo. O tholos destina-se a enterramentos colectivos. Por norma, implicava uma escavação parcial do subsolo. 3. Calçada periférica

O primeiro investigador deste sítio arqueológico foi Estácio da Veiga, pioneiro algarvio que recolheu algum espólio, mas não investigou profundamente o local. Foi preciso esperar por 1975 para serem dados os primeiros passos no estudo de Alcalar. O Estado adquiriu os terrenos onde se encontravam os túmulos, delimitou e protegeu a área com cercas. Após o Projecto Alcalar de 1980, conduziram-se intensas escavações na década de 1990. Hoje, sob a alçada do Museu de Portimão, existe ampla informação e, desde 2000, um Centro de Interpretação.

A necrópole está organizada em vários grupos (oriental, central e ocidental) de tholoi e um dólmen, cada um dos quais com revelações que permitem descodificar diferentes tipos de cerimoniais de enterramento. O monumento mais impactante é o n.º 7, um impressionante tholos coberto por um possante cairn (mamoa feita de pedras) com 27 metros de diâmetro em redor do qual foi construída uma calçada periférica. No exterior, a entrada é marcada por uma fachada de pedra que delimita o átrio. Daqui, acede-se a um estreito e comprido corredor que conduz a uma cripta coberta em falsa cúpula.

Mal aceite pelos arqueólogos do século XIX, pouco respeitadores da sua formação de geólogo ou demasiado focados no antiquarismo, Estácio da Veiga teve o enorme mérito de perceber, em monumentos como Alcalar, que “em toda a península hispânica uma idade do cobre sem a mínima intervenção de estranhas migrações, sucedeu imediatamente à ultima idade da pedra”. Alcalar é também um tributo à persistência de um investigador que teve razão antes do seu tempo.

mapa monumento

Centro de Interpretação de Alcalar

Alcalar, Mexilhoeira Grande

Horário: 10h – 13h / 14h – 16h30 (3.ª feira a sábado)

Contacto: Tlf.: +282 471 410