Fotogaleria: A luz da obscuridade dos povos indígenas do México

Utilizando uma técnica especial, um fotógrafo capta imagens luminosas das chamadas "comunidades originais" do México.

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YAEL MARTÍNEZ

Joséfina migrou para norte vinda do estado mexicano de Guerrero e agora emite o seu programa radiofónico, exprimindo-se em tu’un Savi, um dos idiomas do povo mixteca.

Há alguns anos, Yael Martínez começou a criar “intervenções”, o termo que usa para definir as suas próprias fotografias impressas e depois alteradas com outras formas de pormenores artísticos.

Para este ensaio fotográfico, realizado no âmbito de uma colaboração entre a National Geographic e uma plataforma de artistas chamada For Freedoms, Yael escolheu como enfoque os povos indígenas – ou "comunidades originais", como prefere dizer – de Guerrero, o seu estado natal.

As pessoas que fotografou para este projecto têm cidadania legal mexicana, mas a sua cidadania ancestral é de antigas comunidades que subsistem hoje na língua, na gastronomia, nas histórias contadas ao longo dos séculos e no conhecimento colectivo dos limites que definem o mundo. 

La Concepción, no México

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Uma visita ao cemitério

No cemitério de La Concepción, no México, familiares visitam a cruz erguida em homenagem à venerada matriarca Carmen Sierra. Para criar estas imagens, Yael Martínez perfura as fotografias impressas com um alfinete, projecta luz através dos orifícios e volta a fotografá-las. 

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Cozinhando num forno subterrâneo

Entes queridos recordam Sierra com uma tradição local: num forno subterrâneo, cozinham carne de vaca que será consumida numa refeição partilhada. Segundo Yael Martínez, “as alfinetadas nas imagens são uma analogia do trauma e da forma como nós, enquanto seres humanos, conseguimos transformar energias e situações más em algo positivo”.

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A luz das flores

Um ramo de flores celebra a vida de Sierra. “Para mim, o aspecto mais bonito de cada peça é o facto de as imagens irradiarem luz, tal como esta ideia de transformação”, diz o fotógrafo. 

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A força de Joséfina

Joséfina Prudente Castañeda, uma emigrante do estado mexicano de Guerrero, é voluntária na Igreja Luterana do Bom Pastor em Brooklyn (Nova Iorque, EUA). Dali, emite um programa no seu idioma mixteca nativo. Da primeira vez que o fotógrafo a encontrou, Yael pensou: "esta mulher tem força, luz e escuridão, tudo em simultâneo – é isto que quero transmitir". 

No seu programa radiofónico, aborda com frequência os direitos das mulheres e trabalha também como intérprete judicial, pois fala tu’un savi, espanhol e inglês. 

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Entrando na brincadeira

Crianças brincam numa casa de La Concepción. “A tarefa mais importante é documentar a realidade”, diz Yael Martínez, cujas personalidades que fotografou para este projecto têm cidadania legal mexicana, mas a sua cidadania ancestral é de antigas comunidades que subsistem hoje na língua, na gastronomia, nas histórias contadas ao longo dos séculos e no conhecimento colectivo dos limites que definem o mundo.

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Uma terra culta

A avó Felipa García Reyes planta milho e feijão na aldeia de Huehuetepec, em Guerrero. As famílias indígenas locais dependem de culturas de milho, feijão e abóbora para se alimentarem e todos colaboram no cultivo.

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Um fumo irradiante

Nesta fotografia de Yael Martínez vemos o fumo de um forno subterrâneo a envolver uma cadeira de plástico em La Concepción. Esta é uma das várias “intervenções” do artista – o termo que este usa para definir as suas próprias fotografias impressas e depois alteradas com outras formas de pormenores artísticos. 

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A Guerrero que ficou para trás

Uma família que emigrou de Guerrero, o estado natal do fotógrafo, convive no Parque Flushing Meadows Corona, em Queens, Nova Iorque. Para este ensaio fotográfico, Yael escolheu como enfoque os povos indígenas – ou comunidades originais, como prefere dizer – de Guerrero, o seu estado natal. Usa a expressão “comunidades originais” aprendida com activistas indígenas, pois acredita que ela transmite a dignidade de uma nação separada.

Artigo publicado originalmente na edição de Setembro de 2023 da revista National Geographic.