No Museu Nacional Machado de Castro (MNMC ), na Alta de Coimbra, repousa a maior colecção de azulejos didácticos de Portugal. Resta cerca de uma dúzia de uma colecção que poderá ter sido superior a 500 azulejos. Encomendados provavelmente por jesuítas entre finais do séc. XVII e início do XVIII com base na versão de André Tacquet da obra “Os Elementos”, de Euclides, seriam à época um meio revolucionário no ensino da matemática, uma versão medieval dos quadros interactivos dos nossos dias. 

Para os matemáticos da Universidade de Coimbra, estes azulejos da Companhia de Jesus seriam os “PowerPoints do século XVII”, recordando aos aprendizes os teoremas de Euclides a qualquer hora do dia.

Ferramenta pedagógica inovadora, foi redescoberta por António Pacheco e Virgínia Gomes na colecção do MNMC , que conta ainda com alguns azulejos dedicados à Astronomia e à Física. Segundo António Leal Duarte, do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, a sua génese estará relacionada com as recomendações da Companhia de Jesus que, em 1692, pretendia melhorar o nível de ensino da matemática em Portugal, dando sugestões de utilização de determinadas imagens nas aulas e exames. A documentação descoberta por António Leal Duarte sugere que os azulejos terão sido removidos das paredes na sequência da Reforma, em 1772.