Identidades argentinas

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A Argentina é uma terra abençoada com um potencial incrível. 

Eu quis criar um projecto que destacasse a sua diversidade, promovesse a conservação e capacitasse as comunidades rurais para a concretização do seu potencial produtivo e social. Para sustentar o trabalho, criei a fundação Biophilia (biophilia-foundation.org), que significa amor pela vida.

Província de Jujuy: Os suris são um grupo cultural pertencente à comunidade quechua. Esta mulher chama-se Belén Cruz. O seu fato emplumado representa o nandu, ou ema, a ave sagrada dos suris.
 

Desde que me mudei de Itália para a Argentina, há dez anos, vi a economia deste país concentrar-se cada vez mais no cultivo em grande escala de feijões de soja geneticamente modificados. É uma opção trágica em termos de cultura e biodiversidade. Senti necessidade de agir e de propor uma abordagem alternativa.

Por isso, no dia 27 de Dezembro de 2013, eu e a minha mulher, Juli, iniciámos uma viagem de cinco meses pelo país. Trabalhámos com agricultores e produtores de pequena escala para seleccionar, conceber e moldar um conjunto de projectos em quatro regiões argentinas distintas.

Durante a investigação, produzimos esta série de fotografias. Eu estava cansado de retratos de agricultores pobres, cavando a terra. Como queria retratá-los de maneira diferente, decidi concentrar-me na sua cultura. Foi por isso que pedi à rapariga suri e aos dois diablos que vestissem os seus fatos tradicionais de cerimónia ou máscaras de Carnaval para os retratos.

O segredo consiste em associar directamente o potencial produtivo de cada grupo ao melhoramento da paisagem natural.

O objectivo principal da Biophilia é contribuir para que estes grupos indígenas preservem o seu património cultural, desenvolvendo as economias locais através de produtos autóctones como as batatas, a quinoa ou a lã de vicunha. Por fim, esperamos ajudá-los a criar marcas para que possam comercializar os seus produtos e participar no mercado do comércio justo.

O segredo consiste em associar directamente o potencial produtivo de cada grupo ao melhoramento da paisagem natural. Ao mesmo tempo, é fundamental levar seriamente em conta a identidade cultural, tão importante para a diversidade da Argentina.

O trabalho com estas comunidades tem sido uma experiência enriquecedora. Se mantivermos o coração aberto e respeitarmos cada cultura, aprendemos lições todos os dias. 

Província de Misiones: A comunidade Jasy Pora Guarani vive junto da fronteira com o Brasil. “Passei uma temporada magnífica com eles”, diz Marco. Os nomes espanhóis reflectem um passado colonial. Nesta imagem, Hugo Martínez posa com o seu quati.

Província de Jujuy: Dario González e o seu filho Carlos pertencem a um grupo chamado los diablos, da comunidade quechua. Acreditam que o diabo tem o poder de curar e proteger.

Província de Neuquén: Estas imagens foram captadas perto do lago Nahuel Huapí, na Patagónia, onde reside o grupo indígena mapuche. “Não restam muitos”, diz Marco. “O colonialismo roubou-lhes as terras há um século. Queremos ajudá-los a recuperá-las.” Muitos mapuches são caçadores, incluindo Salvador Quintriqueo (sentado, na imagem) e o seu filho Ricardo.

Os mapuches também criam cabras angora, que foram trazidas da Turquia para a região. A lã é uma fonte de rendimento importante na Patagónia, mas as espécies introduzidas interferiram com o equilíbrio, segundo Marco Vernaschi. Por isso, um modelo de sustentabilidade dependente da criação destes animais não será viável.

Nos lares dos mapuches, como o de Marita Andreau (em pé, na imagem com a sua amiga Rosa Andreau), não existe electricidade nem água canalizada.

Província de Jujuy: Esta rapariga é Araceli del Rosario Suárez. “A maioria das pessoas pensa nos gaúchos, provavelmente o grupo cultural mais conhecido da Argentina, como homens, mas são as mulheres que mantêm viva a tradição.”

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