E eis que uma detonação de rotina numa pedreira de calcário que abastece uma cimenteira expõe a entrada de uma nova gruta: “Parecia mais uma gruta, das muitas que surgiram ao longo das décadas de actividade da pedreira”, explica Juan José Durán Valsero, professor do Instituto Geológico e Mineiro de Espanha. “São todas de origem cársica costeira, associadas a antigos níveis do mar Mediterrâneo, e foram-se formando durante as últimas centenas de milhares de anos por dissolução do calcário jurássico do grupo tectónico chamado Complexo Maláguide.”

Depois da descoberta da gruta, foi confirmada a existência de mais de uma centena de estegamites, um tipo de espeleotemas que até hoje só se encontraram em grutas excepcionais da Austrália, Porto Rico e Eslováquia. 

A gruta esteve prestes a ser dinamitada, mas, graças à colaboração de um grupo de espeleólogos da Sociedade Excursionista de Málaga (SEM), os trabalhos de exploração e investigação coordenados por Durán Valsero e Iñaki Vadillo, da Universidade de Málaga e especialista em hidrogeologia, mostraram que a gruta continha um tesouro geológico. “Depois de três meses de trabalho, comprovámos a existência de mais de uma centena de estegamites, um tipo de espeleotemas que até hoje só se encontraram em grutas excepcionais da Austrália, Porto Rico e Eslováquia”, explica Durán Valsero.

Os espeleotemas são formações maravilhosas, como as conhecidas estalagmites e estalactites, que se geram em cavidades cársicas a partir da cristalização de minerais dissolvidos nas águas subterrâneas.

No entanto, as estegamites, descobertas pela primeira vez em 1991, são mais raras. “Formam-se quando a água capilar (a que fica contida nos poros da rocha) sobe por pequenas fracturas e deixa depósitos minerais que crescem continuamente nas bordas, formando um leque de pedra”, explica o geólogo. Essa espécie de cristas emerge do fundo da gruta e o nome pelo que passou a ser conhecida inspira-se nas cristas típicas dos estegossauros. Graças a estas investigações, esta gruta de Málaga tornou-se um dos locais de interesse geológico mais relevantes do Sul da Península Ibérica. E, naturalmente, ganhou o seu próprio nome: La Cueva de las Estegamitas (Gruta das Estegamites, em português). Falta agora a protecção legal.

O nome "estegamites" é inspirado nas cristas típicas dos estegossauros, um género de dinossauros herbívoros do Jurássico Superior.