Quando se acede a uma igreja, seja de que época for, é frequente encontrarem-se lápides no chão que correspondem a figuras ilustres ali sepultadas. Mas quem franqueia o portal destes templos talvez desconheça que esse hábito é uma prática ritual que vem dos primórdios da humanidade. As antas, os dólmenes e os cromeleques megalíticos foram os templos de outrora.

Na aldeia de Castelões, no concelho de Chaves, existem monumentos singulares de sepultamento datados de finais da Idade do Bronze. São estelas, monólitos tumulares com gravuras das armas dos guerreiros falecidos, como o escudo, a lança ou a espada.

A palavra é proveniente da palavra grega stela, que significa “pedra erguida”, e esta nomenclatura é bastante adequada às duas que existem nos arredores de Castelões. Castelões I, de granito, tem aproximadamente 1,50 metros de altura por 1,20 metros de largura. Representa um escudo ao centro, com cinco círculos concêntricos e, a ladeá-lo, uma lança e uma espada. Como retoque final, sublimando a veia ornamental, esta estela é rendilhada nos rebordos com um denticulado em ziguezague.

estelas de Castelões

A estela Castelões I

Castelões II é ligeiramente mais pequena, particularmente na largura e espessura, e a sua decoração difere um pouco em relação à “irmã gémea”: o escudo, gravado ao centro, contém apenas três arcos concêntricos, está também representada uma espada, mas a lança, neste caso, é de longo alcance.

Uma característica identitária é o facto de estarem representados a ponta de uma lança, um círculo que apresenta o guerreiro, com cabeça e uma linha dorsal com membros superiores e inferiores abertos. Identificou-se também um pequeno canídeo com cauda, patas e orelhas. Supõe-se que poderá ter sido o melhor amigo do guerreiro, acompanhando-o até à morte. À semelhança de Castelões I, a orla exterior contém um denticulado em ziguezague, ainda visível em quase todo o seu perímetro. Simples guerreiros ou grandiosos heróis de batalhas perdidas no tempo, as estelas graníticas glorificam a era em que o homem já sabia trabalhar os metais. Hoje, podem ser apreciadas no largo central de Castelões, uma aldeia edificada em granito – a mesma identidade das estelas de guerreiros.

mapa castelões