Desde a fundação da National Geographic, em 1888, que as mulheres alcançam proezas na ciência e na exploração, frequentemente apenas com um reconhecimento efémero. Cartografaram o fundo do oceano, conquistaram os picos mais altos, escavaram civilizações, estabeleceram recordes de mergulho em mar profundo e deram a volta ao mundo. 

"Assegura-te de que és a primeira mulher em algum sítio”, disse um editor à aspirante a fotógrafa Dickey Chapelle, quando a Segunda Guerra Mundial começou a agudizar-se. Dickey seguiu esse conselho e desembarcou furtivamente com uma unidade dos fuzileiros durante a batalha de Okinawa, em 1945, ignorando a proibição que impedia a presença de mulheres jornalistas nas zonas de combate. Perdeu temporariamente a sua acreditação de imprensa militar, mas começou a criar uma reputação como correspondente de guerra destemida.


“Não há qualquer razão que impeça uma mulher de ir a sítios onde um homem vai e mais além”, disse a exploradora Harriet Chalmers Adams em 1920. “Se ela gostar de viajar, se gostar do desconhecido, do mistério e de se perder, nada será capaz de mantê-la em casa.”

No entanto, as colaboradoras da revista eram frequentemente uma nota à margem, permanecendo à sombra de maridos famosos. Encontram-se referências a Matthew Stirling em mais de uma dezena de artigos explicitando as suas descobertas na arqueologia da América Central, mas a sua mulher, Marion, que ajudou a organizar as expedições, foi referida apenas num ensaio e por tratar da casa no acampamento.

“Raios, raios, raios!”, escreveu Anne Morrow Lindbergh, frustrada, no seu diário em 1933, sobre a vida com o seu famoso marido aviador, Charles. Ela foi a primeira mulher norte-americana a ganhar a licença de piloto de planador e a conquistar distinções por méritos de navegação. “Estou farta de ser a ‘serva do Senhor’.”

Outras foram ignoradas pelos seus contemporâneos. Pelo menos uma mulher descobriu que era mais fácil publicar uma reportagem na National Geographic usando um nome masculino. Até mulheres mundialmente famosas no seu tempo tiveram de lutar para receberem um salário justo. No arquivo da National Geographic, existem milhões de fotografias e documentos de reportagens. Pilhas de microfichas com manuscritos desbotados revelam as histórias das mulheres pioneiras da National Geographic. Do passado até ao presente, homenageamos aqui algumas delas.

Maria Mitchel

A descoberta de um cometa propulsionou a astrónoma Maria Mitchell (à esquerda, aproximadamente em 1880) para o estrelato, em meados do século XIX. Militou em prol do voto feminino e da igualdade de género na ciência. Fotografia: Science History Images / Alamy Stock Photo

MARIA MITCHELL 1818-1889

Primeira pessoa a descobrir um cometa com um telescópio. Primeira mulher a trabalhar como astrónoma profissional nos EUA.

No século XIX, os habitantes de Nantucket eram famosos por terem os seus telescópios apontados ao mar, aguardando o regresso dos baleeiros e barcos de pesca locais. Maria Mitchell apontou o seu às estrelas.

Crescera a ajudar o pai, um astrónomo amador, e fizera cálculos de navegação complexos para os comandantes dos baleeiros, determinando horários de eclipses e registando os movimentos de corpos celestes.

Às 22h30 do dia 1 de Outubro de 1847, esta mulher de 29 anos estava no telhado do Pacific Bank, onde o seu pai construíra um observatório simples.

Segurando o telescópio, detectou algo que não estava nas suas tabelas astronómicas: um cometa.

Dezasseis anos antes, o rei Frederico VI da Dinamarca anunciara que ofereceria uma medalha de ouro à primeira pessoa que descobrisse um cometa com um telescópio. Mitchell reivindicou o prémio. Esta descoberta e a carreira subsequente fizeram dela a primeira astrónoma profissional dos EUA. Passado um ano, foi eleita para a Academia Americana de Artes e Ciências. Visitou observatórios no estrangeiro e tornou-se uma defensora acérrima das mulheres na ciência, bem como uma abolicionista e sufragista.

Maria Mitchell foi ainda professora de astronomia no recém-fundado Vassar College, onde estudou planetas, estrelas, cometas e eclipses e empenhou-se em receber o mesmo salário que os seus colegas masculinos.

O cometa 1847-VI (a sua descoberta) ficou conhecido como cometa Miss Mitchell. Uma cratera na Lua recebeu o seu nome, bem como um navio de carga da Segunda Guerra Mundial, o

S.S. Maria Mitchell. Em 1888, um ano antes de Mitchell morrer, o seu irmão, o oceanógrafo Henry Mitchell, ajudou a fundar a National Geographic Society.


harriet chalmers Adams

Um grande plano da linha da frente francesa mostra o raro acesso de que a fotógrafa e escritora Harriet Chalmers Adams beneficiou durante a Grande Guerra. Harriet passou décadas a explorar o mundo e foi a mulher que mais colaborou com a National Geographic nos primeiros 50 anos da sua existência. Fotografia: Harriet Chalmers Adams

HARRIET CHALMERS ADAMS 1875-1937

Primeira mulher jornalista autorizada a visitar as trincheiras francesas durante a Segunda Guerra Mundial. Primeira presidente da Sociedade de Mulheres Geógrafas.

“Nunca considerei o meu género um impedimento. Nunca enfrentei um a dificuldade que uma mulher, tal como um homem, não conseguisse ultrapassar. Nunca senti medo do perigo. Nunca me faltou coragem para me proteger. Já estive em sítios complicados e já assisti a coisas horríveis."

Na década de 1880, muito  antes  de se tornar a maior exploradora do seu tempo, Harriet Chalmers, então com 8 anos, atravessou a Sierra Nevada a cavalo com o pai. Aos 24 anos, casou-se com Franklin Pierce Adams e partiram para a América Latina, onde percorreram 65 mil quilómetros a cavalo, de canoa, a pé e de comboio. Quando regressaram, quase três anos mais tarde, ela deu uma palestra na National Geographic e iniciou a sua carreira de 30 anos como colaboradora da revista.

Harriet definiu como missão visitar todos os países onde havia, ou houvera, uma colónia espanhola e acompanhou o rasto de Colombo da Europa até às Américas. Atravessou a Ásia e assistiu à coroação de Haile Selassie como imperador da Etiópia. Durante a Grande Guerra, foi a primeira mulher jornalista autorizada a fotografar as trincheiras francesas, tendo ali permanecido durante vários meses.

Escreveu 21 reportagens, relatando pormenorizadamente os seus feitos, para a National Geographic, mais do que qualquer outra mulher publicou no primeiro meio século da revista. Nessas reportagens, criticou as injustiças a que assistiu. “A civilização europeia trouxe-lhes porventura algumas vantagens que eles não tivessem já?”, escreveu após uma visita ao Peru. “O que não sofreram eles em nome da cruz colocada sobre o monte?”

Graças aos seus diapositivos a cores e ao seu estilo aventureiro, Harriet Chalmers Adams recebeu convites para dar palestras em todo o mundo, frequentemente organizadas por instituições que nunca tinham convidado anteriormente uma mulher. Foi a terceira norte-americana convidada como membro da Royal Geographical  Society, em Inglaterra. No entanto, o nova-iorquino Explorers Club ignorou-a, bem como a outras mulheres aventureiras.

Os homens “sempre tiveram  tanto medo de que uma simples mulher penetrasse nos seus santuários de discussão que nem sequer admitem a presença de mulheres nos seus clubes e muito menos as deixam participar em discussões que poderiam ser úteis para ambas as partes”, disse.

Várias mulheres exploradoras decidiram formar o seu próprio clube. Em 1925, foi criada a Sociedade de Mulheres Geógrafas, presidida por Adams. Ela cumpriu esse papel até se mudar para França, em 1933, onde morreu quatro anos depois, aos 61 anos.


reina

Em 1960, a antropóloga panamiana Reina Torres  de Araúz integrou a primeira equipa que empreendeu uma viagem de automóvel entre a América do Norte e a América do Sul através da região de Darién, que liga o Panamá à Colômbia. Fotografia: Amado Araúz, Cortesia da Colecção Araúz

REINA TORRES DE ARAÚZ 1932-1982

Primeira bolseira latino-americana da National Geographic Society. Contribuiu para a preservação da história do Panamá.

Em 1961, uma empresa norte-americana demoliu um edifício colonial chamado La Pólvora, de forma a criar espaço para uma auto-estrada. A antropóloga Reina Torres de Araúz, então com 29 anos, indignou-se e queixou-se ao presidente do Panamá, Roberto Chiari. Este deu-lhe ouvidos: o Panamá criou a Comissão Nacional de Arqueologia e Monumentos Históricos e encarregou Torres de Araúz de assegurar que os sítios arqueológicos importantes fossem preservados.

Por essa altura, já Torres de Araúz era uma investigadora reconhecida, com carreira na protecção do património cultural do país. Fora escolhida para participar na expedição que identificou a rota panamiana para construir a Auto-estrada Pan-americana, que viria a estender-se do Alasca ao Chile.

Passou a lua-de-mel a fazer o reconhecimento do itinerário da estrada, integrando a Expedição Trans-Darién, documentada pela National Geographic. A equipa saiu do Panamá num Jeep e num Land Rover e chegou à Colômbia quatro meses mais tarde, depois de ter completado a primeira travessia motorizada da América do Norte à América do Sul.

Fundou o Centro de Investigação Arqueológica da Universidade do Panamá, criou bolsas de estudo para incentivar os alunos a fazerem trabalho de campo e abriu departamentos de Pré-História, Etnografia e Antropologia Cultural. Depois de trabalhar como directora do Museu Nacional do Panamá, ajudou a fundar seis museus e um parque arqueológico. Em 1971, Torres de Araúz tornou-se a primeira mulher latino-americana a receber uma bolsa da National Geographic, que financiou a catalogação de artefactos de ouro pré-colombianos. Conseguiu fazer aprovar uma lei que impedia o êxodo de tais artefactos para o estrangeiro.

Torres de Araúz morreu aos 49 anos, em 1982, mas o seu legado permanece vivo na Cidade do Panamá, onde um vasto museu baptizado em sua honra acolhe 15 mil artefactos inestimáveis do passado do país.

electa

As navegações de Electa Johnson à volta do mundo totalizam uma distância equivalente a uma viagem de ida e volta à Lua. Na imagem à direita, vemos Johnson no rio Nilo, no início da década de 1960. Fotografia: Winfield Parks

ELECTA «EXY» JOHNSON 1909-2004

Deu sete vezes a volta ao mundo com o marido, Irving.

“‘Não me parece que muitas mães tenham uma oportunidade destas!’, disse Electa, enquanto cozinhava um cachalote caçado com o arpão pelo nosso filho de 18 anos, Arthur. Estávamos a passear no arquipélago das Galápagos pela sexta vez em vinte anos de viagens à volta do mundo no bergantim Yankee.”

Este momento, incluído no rascunho de uma reportagem escrita por Irving e Electa, ou “Exy” Johnson, para a National Geographic em 1959, fazia parte de um dia comum para esta família marinheira. Quando enrolou para sempre as velas, o casal completara sete circum-navegações em dois navios chamados Yankee.

Criaram uma rotina para as suas viagens de circum-navegação: velejavam pelo mundo durante 18 meses e passavam outros 18 meses nos EUA. Novas viagens levaram-nos ao Báltico, ao longo do Nilo e de vias fluviais da Europa, onde a exploradora deu uso a algumas das várias línguas que falava. O casal até participou na busca pela aviadora desaparecida Amelia Earhart. Escreveram nove reportagens e inúmeros livros juntos e fizeram três filmes para a National Geographic durante mais de 40 anos passados no mar.

Irving morreu em 1991. Quando “Exy” morreu, com 95 anos, em 2004, já navegara uma distância equivalente a uma viagem de ida e volta à Lua. O seu legado mantém-se vivo em Los Angeles, onde as crianças podem aprender a trabalhar em equipa e resolver problemas a bordo de dois bergantins: o Irving Johnson e o Exy Johnson.


pioneiras

A um quilómetro da superfície do mar, William Beebe descrevia por telefone aquilo que via a Gloria Hollister Anable ( à direita, nas instalações de comando da batisfera, nas Bermudas). A bordo do navio, Jocelyn Crane Griffin (ao centro) ajudava a identificar os animais marinhos. Mais tarde, Else Bostelmann (a mais próxima da porta) fez desenhos fantásticos das criaturas.Fotografia: John Tee-Van

JOCELYN CRANE GRIFFIN 1909-1998

Assistente na expedição da batisfera. Investigou caranguejos.

ELSE BOSTELMANN 1882-1961

Pintou animais marinhos descobertos nas profundezas oceânicas.

GLORIA HOLLISTER ANABLE 1900-1988

Estabeleceu o recorde mundial para o mergulho mais profundo realizado por uma mulher.

Em 1930, os exploradores subaquáticos William Beebe e Otis Barton foram descidos nas águas do Atlântico, perto das Bermudas, dentro de uma minúscula esfera de aço. Acima da água, um grupo de mulheres cientistas assegurava o funcionamento impecável deste novo e ousado dispositivo, a batisfera. Foi a primeira incursão séria na exploração tripulada do mar profundo e não tardaria a ser notícia a nível internacional.

A partir do convés do navio, a assistente de laboratório Jocelyn Crane Griffin ajudava a identificar a vida marinha. Do outro lado do telefone, estava Gloria Hollister Anable, da Wildlife Conservation Society, que financiava a missão. Este contacto telefónico, mantido através de um cabo entre o engenho e o navio, era a única linha vital que ligava Beebe ao mundo exterior. Gloria transcreveu os comentários de Beebe enquanto este observava os animais das profundezas do oceano nadarem e transmitia informações sobre a profundidade, as horas e o estado do tempo. Gloria e Jocelyn também se revezaram na batisfera. Descendo até 313 metros num desses mergulhos, Gloria Anable estabeleceu o recorde da maior profundidade alcançada por uma mulher.

peixes

Imagens de Else Bostelmann

Após cada mergulho, os desenhos  e as descrições transcritas de Beebe eram entregues a Else Bostelmann, no laboratório das Bermudas, onde ela as transformava em pinturas dramáticas. Embora não observasse as cenas a partir do interior da batisfera, ela usava frequentemente um capacete de mergulho, atava os pincéis a uma paleta de tintas de óleo e arrastava as telas para debaixo de água, procurando inspiração para pintar. Os seus desenhos de animais marinhos fantásticos (peixes com dentes gigantescos, crustáceos psicadélicos e um peixe de pele negra nunca antes visto) deram vida à expedição na National Geographic.


Houve quem troçasse de Beebe por contratar mulheres, mas ele manteve-se fiel à sua equipa. Quando a missão terminou, Else continuou a fazer ilustrações para a revista e Gloria Anable liderou uma expedição  científica  até à actual Guiana. Jocelyn Griffin geriu estações de campo nas Caraíbas e assumiu o lugar de Beebe como directora do Departamento de Investigação Tropical após a morte deste, em 1962.

hollister

Na década de 1930, realizou-se a mais arrojada tentativa de exploração marinha tripulada a grande profundidade de sempre, com um dispositivo de aço chamado batisfera. Esta série de expedições de estudo da vida marinha que quebraram recordes teve a participação de Jocelyn Crane Griffin‚  Else Bostelmann e Gloria Hollister Anable. Fotografia: John Tee

Numa entrevista realizada em 1991, perguntaram à exploradora Sylvia Earle o que a atraíra na oceanografia. Ela referiu as histórias de Beebe. “Os aquários do mundo, por mais maravilhosos e diversificados que sejam, não têm o tipo de criaturas que Beebe descreveu nas suas explorações na década de 1930”, disse. “E isso inspirou-me imenso.”

barbara

A segunda escalada de Barbara Washburn teve por alvo o cume de 4.154 metros do monte Hayes, em 1941. Seis anos mais tarde, ela admirou a paisagem a partir da Passagem de Denali, junto do pico mais alto da América do Norte. Fotografia: Bradford Washburn

BARBARA WASHBURN 1914-2014

Primeira mulher a alcançar o cume do monte Denali. Cartografou o Grande Canyon com o seu marido, Bradford Washburn.

“Não sentia nada de especial por ser uma pioneira numa expedição séria ao Alasca. Sabia apenas que, sendo a única mulher, tinha de estar à altura.”

A vida de Barbara Washburn no topo das montanhas mais altas do mundo começou com uma pista de emprego que lhe foi transmitida pelo seu carteiro em 1939. O trabalho que ele lhe recomendou (secretária de Bradford Washburn, o director do Museu de História Natural de Nova Inglaterra) não lhe agradou. “Não quero trabalhar naquele museu bafiento e não quero mesmo trabalhar para um montanhista maluco”, lembra-se de ter pensado.

Um ano mais tarde, a jovem mulher que nunca acampara encontrava-se no cume de 3.094 metros do monte Bertha no Alasca. E casara-se com aquele montanhista. O casal foi o primeiro a conquistar os 4.154 metros do monte Hayes. Usou equipamento  masculino para o frio porque ainda não havia adaptações para mulheres. Numa cumeeira particularmente traiçoeira, Barbara assumiu a liderança porque o grupo achou que ela seria suficientemente leve para ser puxada para cima caso o solo se desmoronasse sob os seus pés. Em 1947, Barbara e Bradford deixaram os três filhos em casa para ascenderem ao monte McKinley (actualmente conhecido como Denali). Passados quase dois meses de escalada, Barbara alcançou o cume, tornando-se a primeira mulher a apreciar a vista do alto do pico mais alto da América do Norte. Bradford tinha formação como cartógrafo e o casal aceitou trabalhos de cartografia ambiciosos. A partir de 1970, recorreram a fotografia aérea, instrumentos de medição a laser e um hodómetro instalado sobre uma roda para cartografar a totalidade do Grande Canyon para a National Geographic. O projecto demorou sete anos e exigiu quase setecentas viagens de helicóptero. Também cartografaram as montanhas Brancas, em New Hampshire, e o monte Denali. Em 1988, o casal fez parte de um grupo de 15 exploradores (incluindo Edmund Hillary, Jacques-Yves Cousteau e Mary e Richard Leakey) que receberam o Prémio National Geographic Centennial. Nos seus últimos anos, os Washburn ainda se candidataram a bolsas da National Geographic para projectos como o censo de profundidade da neve no Evereste.

Barbara morreu em 2014, sete anos depois da morte do marido, a dois meses de completar o centésimo aniversário. Ela disse que nunca percebeu por que razão davam tanta  importância ao seu género, descrevendo-se como “uma montanhista acidental”.

tharp

Dados do leito marinho recolhidos por sonar e meticulosamente registados ajudaram os geólogos Marie Tharp e Bruce Heezen a provar a teoria, então marginal, das placas tectónicas. Fotografia: Joe Covello

MARIE THARP 1920-2006

Cartografou o leito marinho e propôs a teoria da deriva continental.

A Segunda Guerra Mundial deu a Marie Tharp a oportunidade de fazer uma descoberta revolucionária. Os alunos masculinos tinham partido para a guerra e Marie aproveitou a oportunidade para estudar geologia, um campo até então hostil para as mulheres. Após uma breve colaboração como geóloga de campo de uma empresa petrolífera, foi contratada como assistente técnica na Universidade de Colúmbia, onde conheceu um aluno chamado Bruce Heezen. Juntos, Marie e Bruce embarcaram num projecto ousado: decidiram cartografar o fundo do mar.

Naquele tempo as mulheres não podiam trabalhar a bordo de navios de investigação científica e, por isso, Bruce utilizou as medições de sonar que já promovera em expedições oceânicas, algumas das quais financiadas pela National Geographic. Na Universidade de Colúmbia, Marie transformou em mapas os dados e medições obtidos por centenas de outras expedições.

Enquanto trabalhava no primeiro mapa do oceano Atlântico, reparou num vale que atravessava o leito marinho e concluiu que sectores da crosta terrestre pareciam mudar de posição. A teoria da deriva continental foi “quase uma espécie de heresia científica”, diria Marie mais tarde.

No início, o próprio Bruce não aceitou a teoria de Tharp, desvalorizando-a como “tagarelice de raparigas”. No entanto, a sua conclusão foi reforçada pelas leituras de sonar. Esta fenda da Terra convenceu a comunidade científica de que os continentes tinham outrora sido uma única massa terrestre, posteriormente separada pelos movimentos tectónicos.

Com financiamento atribuído pela Marinha dos EUA e pela National Geographic, o projecto foi publicado em 1977 como o mapa do “Leito Marinho Mundial”, a primeira reprodução global do fundo dos oceanos. Este mapa revelou uma paisagem coberta de cordilheiras vulcânicas e picos tão altos como o Evereste, dividida por uma costura com quase 65 mil quilómetros ao longo da superfície da Terra.

“Foi uma oportunidade única na vida, única na história do mundo, para qualquer pessoa, mas sobretudo para uma mulher na década de 1940”, escreveu.

No ano a seguir à publicação do mapa, Marie e Bruce receberam a Medalha Hubbard, a mais alta distinção da National Geographic, que reconhece proezas singulares nas áreas da investigação, descoberta e exploração. Marie morreu em 2006.

galdikas

Os quase cinquenta anos que Biruté Galdikas passou a estudar orangotangos selvagens na Indonésia revelaram as vidas e hábitos sociais destes primatas. Fotografia: Rodney Brindamour

BIRUTÉ GALDIKAS Nascida en 1946

Uma das cientistas orientadas pelo antropólogo Louis Leakey investiga orangotangos desde a década de 1970.

Convencido de que as mulheres tinham mais paciência e discernimento do que os homens, o paleoantropólogo Louis Leakey ajudou três jovens mulheres cientistas a viver entre os grandes símios. Com financiamento da National Geographic, ele contribuiu para a  construção de estações de campo para Jane Goodall estudar chimpanzés na Tanzânia, para Dian Fossey viver entre os gorilas da montanha no Ruanda e para Biruté Galdikas observar orangotangos no Bornéu, na Indonésia. As três mulheres, que se tornaram conhecidas como Trimates, fizeram investigações inovadoras.

Quando Biruté entrou pela primeira vez na Reserva Nacional de Tanjung Putting, em 1971, pensava-se que os orangotangos eram difíceis de estudar. Vagueavam por enormes áreas florestadas com copas  densas.  Biruté  não  tardou a detectá-los na natureza e a interagir com eles. Transformou a sua casa numa “casa de transição” para ensinar animais previamente mantidos em cativeiro e criou órfãos quase como se fossem seus filhos, segundo uma reportagem que escreveu e que foi tema de capa da National Geographic, em 1975.

Durante quase sete mil horas de observação, Biruté fez descobertas sobre os orangotangos em ambiente selvagem, compilando pormenores sobre os seus regimes alimentares, padrões de viagem e relações. Num momento crucial, lançou um alerta, chamando a atenção para o facto de a desflorestação estar a provocar a perda acelerada destes habitats.

Quase 50 anos mais tarde, Biruté Galdikas ainda trabalha em campo, o que torna a sua investigação um dos mais longos estudos contínuos alguma vez realizados sobre uma única espécie.

marion

Marion Stirling e o marido, Matthew, escavaram artefactos que reescreveram a história da América Central nas suas expedições do México nas décadas de 1930 e 1940. Nesta imagem, ela aplica uma camada de verniz para proteger um crânio antigo, impedindo a sua fragmentação. Fotografia: Richard H. Stewart

MARION STIRLING PUGH 1911-2001

Contribuiu para a organização de expedições que mudaram o conhecimento da  história da América Central.

Numa fotografia captada durante uma expedição ao Panamá em 1948, Marion Stirling observa um colar, feito com cerca de oitocentos dentes humanos, recentemente descoberto. A sua vida mudara desde 1931, ano em que aceitou um trabalho como secretária de Matthew Stirling, director do Gabinete de Etnologia Americana do Smithsonian.

Marion e Matthew casaram-se alguns anos mais tarde e Marion começou a estudar antropologia e geologia à noite. Em 1938, numa viagem familiar ao México, Matthew, que viria a tornar-se conhecido na área como “a pá dourada”, foi ver uma escultura de pedra gigante descoberta por exploradores algumas décadas antes. Era uma colossal cabeça olmeca.

Matthew obteve financiamento do Instituto Smithsonian e da National Geographic para escavar na região. Em mais de uma dezena de expedições até ao Sul do México (Marion não participou numa delas, pois a sua filha estava prestes a nascer), o casal praticamente reescreveu a história mesoamericana. Escavaram cabeças de pedra e outros vestígios do antigo império olmeca, determinando que fora, possivelmente, a primeira grande civilização da região.

Marion supervisionou o campo infestado por escorpiões e limpou e catalogou as descobertas. Foi co-autora de vários artigos com Matthew e, em 1939, calculou que um calendário gravado num monumento olmeca se referia ao ano 31 a.C., a mais antiga data registada no Novo Mundo até então.

Mais tarde, os Stirling descobriram jade pré-colombiano no México, esferas de granito na Costa Rica e montes construídos em antigas aldeias do Panamá.

Marion voltou a casar-se após a morte de Matthew e cumpriu dois mandatos como presidente da Sociedade de Mulheres Geógrafas. Em 1975, recebeu a medalha de ouro por contributos pioneiros para a Arqueologia no México e na América Central.

anne lindbergh

Prestes a quebrarem o recorde transcontinental de voo, Anne Morrow Lindbergh e o marido, Charles, posam numa pista de aviação da Califórnia, em 1930. Os recém-casados levantaram voo e aterraram em Nova Iorque passadas 14 horas, 23 minutos e 32 segundos. Fotografia: Bettmann/Getty Images

ANNE MORROW LINDBERGH 1906-2001

Primeira mulher dos EUA a obter uma licença de piloto de planador. Primeira mulher a receber uma Medalha Hubbard da National Geographic.

O primeiro encontro de Anne Morrow com Charles Lindbergh aconteceu a bordo de um avião, sobrevoando Long Island, em 1928. O seu pretendente acabara de concluir o primeiro voo transatlântico sem escalas e era, possivelmente, o homem mais famoso do mundo. Três meses após o seu casamento, Anne fez o seu primeiro voo a solo. Em 1930, foi a primeira mulher dos EUA a obter uma licença de piloto de planador de primeira classe.

Nesse ano, Charles e Anne voaram de Los Angeles a Nova Iorque em 14 horas e 23 minutos, batendo o recorde de velocidade num voo transcontinental. Anne foi co-piloto, operadora de rádio e navegadora, mesmo grávida de sete meses. Conquistou fama como aviadora e autora e, em 1934, foi a primeira mulher a receber a Medalha Hubbard da National Geographic.

Nessa altura, a vida do casal tornara-se sombria. Em 1932, o seu filho pequeno fora raptado e assassinado. Depois, Charles apaixonou-se pelos avanços tecnológicos alemães. Aceitou uma medalha do regime nazi e manifestou-se contra a participação dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Anne escreveu um livro defendendo o isolacionismo e disse que o fascismo era a “vaga do futuro”.

O público que os adorava virou-se contra o casal. Em entrevistas tardias e em diários publicados, Anne lamentou o facto de terem assumido essa posição e disse que tal se deveu maioritariamente ao marido. “O meu casamento levou-me para fora do meu mundo e mudou-me de tal forma que já não me era possível voltar a ser como fora”, escreveu. Ela redimiu-se através da escrita. Em 1955, publicou “Gift from the Sea”, uma reflexão sobre as vidas das mulheres, aclamado como manifesto feminista e sucesso literário.

Em 1979, cinco anos após a morte de Charles, Anne foi distinguida no National Aviation Hall of Fame. Ainda viveu mais 22 anos, editando e escrevendo no seu retiro de Connecticut.

chapelle

Não havia poder de fogo suficiente para manter Dickey Chapelle longe da guerra. Na sua foto da guerra do Vietname, um inferno expulsa soldados vietcong de uma cabana no delta do Mekong. Chapelle cobriu dezenas de conflitos. Morreu devido a ferimentos sofridos quando estava numa patrulha com fuzileiros no Vietname. Fotografia: Dickey Chapelle

DICKEY CHAPELLE 1918-1965

Destemida fotojornalista da National Geographic que fez reportagens desde a Segunda Guerra Mundial à Guerra do Vietname. Primeira mulher correspondente de guerra americana morta em combate.

Em 1959,  Dickey  Chapelle preparava-se para saltar de uma torre. A pioneira correspondente de guerra acompanhava o exército dos EUA no Kentucky e, aos 41 anos, saltava de pára-quedas pela primeira vez. Estava aterrorizada, mas o medo nunca durava muito para Chapelle. Ela disse que saltar de pára-quedas era uma das “melhores experiências que alguém pode ter”.

Por essa altura, já Chapelle fora destacada para dezenas de conflitos, incluindo a Segunda Guerra Mundial. Foi detida em prisão solitária durante a insurreição húngara e foi a primeira jornalista a receber acreditação dos rebeldes argelinos. Fidel Castro chamou-lhe “aquela americanazinha educada com sangue de tigre nas veias”. Tornou-se também a única mulher da sua época autorizada a saltar com pára-quedistas no Vietname, repetindo o feito de outra pioneira, a portuguesa Fernanda Reis, que saltara de pára-quedas na guerra da Coreia.

Nascida Georgette Meyer, Chapelle adoptou a alcunha de Dickey. Aos 14 anos, vendeu o seu primeiro artigo à revista “U.S. Air Services”. Aos 16, matriculou-se no MIT. Casou-se com Tony Chapelle em 1940.

O casal começou a escrever e a fotografar reportagens para a National Geographic na década de 1950, mas, depois de se separarem, Dickey assumiu ambos os papéis. Espetando alfinetes de pára-quedista vietnamita e do exército dos EUA no seu chapéu de mato, aventurou-se onde outros repórteres não se atreviam a ir. Embora a sua presença fosse uma novidade, não lhe garantiu qualquer tratamento especial. Ela intitulou a sua autobiografia de “What’s a Woman Doing Here?”em homenagem a um refrão que ouvia frequentemente no campo de combate. “Não há dúvidas” de que a guerra não é recomendada para uma mulher, disse numa entrevista. “Só existe outra espécie no mundo para quem a guerra também não é recomendada: o homem.”

Em 1962, tornou-se a segunda mulher a receber o Prémio George Polk Memorial, o mais importante galardão de bravura concedido pelo Overseas Press Club of America. Terá assistido a mais combates no Vietname do que qualquer outro americano: 17 operações no total. Terminaria ali,  porém, o número de conflitos da sua carreira.

No dia 4 de Novembro de 1965, Chapelle participava numa missão dos fuzileiros junto da cidade costeira de Chu Lai. Por volta das 8 horas da manhã, a unidade de patrulha tropeçou numa armadilha que fez explodir uma granada ligada a um morteiro. Chapelle foi atingida por estilhaços no pescoço. Faleceu no chão de um helicóptero, a primeira correspondente americana a morrer em combate. Anos mais tarde, outros jornalistas disseram que ainda havia soldados das tropas aéreas vietnamitas que se lembravam com carinho da mulher baixinha e sem papas na língua que em tempos saltara com eles.

Durante o primeiro século da National Geographic, as poucas exploradoras, fotógrafas e cientistas que figuravam nas nossas páginas eram quase sempre caucasianas e americanas, ou europeias. A actual comunidade de exploradoras e colaboradoras é tão diversificada como os locais, povos e espécies que elas estudam. No entanto, mesmo em 2020, muitas delas são uma raridade nas suas profissões de eleição. Aqui estão algumas da exploradoras que representam a National Geographic e estão a abrir caminho a uma nova geração de mulheres aventureiras.

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Fotografia: Andy Mann

JESS CRAMP Nascida em 1979

Bióloga marinha que ajudou a criar um dos maiores santuários de tubarões do mundo.

Nas ilhas Cook, onde vive, Jess Cramp é frequentemente a única mulher no navio, quando realiza investigações a bordo de navios de pesca comercial.

Enquanto bióloga marinha especializada em tubarões, precisa de ganhar o respeito da tripulação. Muito antes de embarcar num navio, Jess teve de se esforçar para encontrar orientadoras nessa área competitiva. Ajudou a criar um dos maiores santuários de tubarões do mundo, no Pacífico Sul, mas diz que ainda ouve as palavras “não pareces uma cientista” com demasiada frequência. “Não podemos dar resposta às questões mais sérias do planeta baseando-nos no statu quo vigente,” diz.

asha

Fotografia: Tsalani Lassiter

ASHA DE VOS Nascida em 1979

Pioneira da investigação sobre baleias no Norte do oceano Índico.

Antes de se tornar a primeira bióloga marinha doutorada do Sri Lanka, Asha de Vos imaginava “ver coisas que mais ninguém veria e ir a sítios onde mais ninguém iria”. Anos mais tarde, esse sonho levou-a a embarcar num navio no Norte do Índico, onde começou a estudar a  baleia-azul. “As mulheres têm de trabalhar mais do que os homens”, diz. “É preciso trabalhar tanto que as pessoas deixem de nos ver pelo nosso  género ou antecedentes e passem a ver-nos pela nossa capacidade para fazermos aquilo que fazemos.”

pioneiras

Fotografia: Spencer Lowell

RAE WYNN-GRANT Nascida em 1985

Ecologista que estuda o conflito entre humanos e os grandes carnívoros.

“Acontece-me frequentemente chegar aos sítios e as pessoas não acreditarem em mim quando digo que sou a Dra. Wynn-Grant”, diz  Rae  Wynn-Grant, a única ecologista afro-americana especializada em carnívoros de grande porte com um doutoramento nos EUA. Os programas televisivos sobre natureza foram a sua porta de entrada para o mundo da conservação, apesar de os apresentadores serem “muito diferentes de mim. Eram frequentemente homens mais velhos, brancos, britânicos ou australianos que pareciam ter crescido ao ar livre”. Rae só fez a sua primeira caminhada aos 20 anos, mas desde então tem feito trabalho de campo em todo o mundo. Ela avalia o conflito entre seres humanos e carnívoros, estudando ursos-pardos no Parque Nacional de Yellowstone, leões no Quénia e na Tânzania, e ursos-pretos na Grande Bacia Americana. Diz que o faz para criar um mundo “próspero, saudável e equilibrado”.

ella

Fotografia: Elizabeth Dalziel

ELLA AL-SHAMAHI Nascida em 1983

Antropóloga que investiga as comunidades neandertais em territórios instáveis e disputados.

Ella Al-Shamahi escava fósseis de Neandertal no Iraque, no Iémen e noutros países. Esta paleoantropóloga e comediante de stand-up consegue rir-se das reacções dos interlocutores quando estes se admiram por uma mulher trabalhar em zonas de conflito, mas teme que o desequilíbrio de géneros desencoraje as jovens de entrarem nesta área. Por isso, adoptou como missão dar visibilidade a mulheres de sucesso nas redes sociais e no meio universitário. “Tenho a noção de que sou uma minoria”, diz. “Às vezes, parece um fardo, mas é um fardo que tenho a honra de carregar.”

evgenia

Fotografia: Theodora Richter

EVGENIA ARBUGAEVA Nascida em 1985

Fotógrafa que explora a vida no Árctico russo.

Um rolo de película numa aula do ensino secundário foi o suficiente para viciar Evgenia Arbugaeva, que documenta a vida no Árctico russo. “Vi imediatamente na fotografia um potencial interminável para descobrir e contar histórias e a beleza de mergulhar completamente no momento, conservando, em simultâneo, o controlo criativo sobre a situação”, diz.

Para compreender totalmente os seus sujeitos isolados, Evgenia passa meses ou anos imersa na vida na tundra. Os seus projectos incluem um olhar sobre a sua terra natal, no Árctico. “Quando ando em trabalho de campo, interrogo-me: será que dei o meu melhor?

Tento chegar a um ponto em que tenho a consciência tranquila em relação a isso.”

munazza

Fotografia: Jackie Faherty

MUNAZZA ALAM Nascida em 1994

Astrofísica em busca de planetas semelhantes à Terra.

Munazza Alam procura um gémeo da Terra. Este planeta, que terá de ser suficiente fresco para conter água em estado líquido, é teórico, mas Munazza, aluna de pós-graduação no Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, examina dados recolhidos por telescópio na esperança de encontrá-lo.

Durante a infância, passada na cidade de Nova Iorque, ela não prestava muita atenção ao espaço. Depois, já adolescente, viu a Via Láctea pela primeira vez numa viagem ao Observatório Nacional de Kitt Peak, no Arizona. Agora, as atmosferas dos exoplanetas são o alvo do seu fascínio académico.

Não foi fácil entrar no meio. “Costumo ser a única pessoa parecida comigo numa sala cheia de astrónomos”, diz. “Como sou, por vezes, a minha pior crítica, tive de me esforçar muito para provar a mim própria de que sou capaz e que pertenço ao mundo da astronomia.”

liliana

Fotografia: Ian Balam

LILIANA GUTIÉRREZ MARISCAL Nascida em 1976

Bióloga que promove os temas femininos na orla costeira do México.

Se uma de nós conseguir, todas conseguimos. É um ditado popular entre as mulheres de El Manglito, uma aldeia piscatória mexicana onde a bióloga Liliana Gutiérrez trabalha.

Ela ajudou a fundar uma organização que investe na recuperação dos stocks piscatórios do México e trabalha actualmente com mulheres para proteger o oceano e melhorar as suas cidades costeiras. “Elas compreendem verdadeiramente a ligação entre as crianças, a educação e a saúde dos oceanos.”