Um devastador incêndio consumiu então grande parte do edifício do Museu Nacional de História Natural (hoje Museu Nacional de História Natural e da Ciência, MUHNAC), provocando avultados danos nas colecções científicas. Entre os espécimes dados como perdidos figuravam os holótipos históricos das espécies de amonites Vascoceras gamai e Vascoceras barcoicense, descritas pelo geólogo suíço Paul Choffat no final do século XIX. O holótipo é o espécime de referência utilizado pelo taxonomista para descrever originalmente uma espécie e estes dois exemplares tinham sido recolhidos em Condeixa-a-Nova e Barcoiço.

“Por vezes, uma nova descoberta pode não implicar uma saída de campo”, diz Vanda Santos. “Pode estar escondida à vista de todos.”

Sem paradeiro conhecido, uma vez que, após o colapso de um dos pisos, muitos materiais das colecções misturaram-se com os escombros do incêndio e com os de outros acervos, os espécimes tinham sido entretanto substituídos por outras referências. No Outono passado, os investigadores Vanda Santos, do MUHNAC, Fernando Barroso-Barcenilla, da Universidade de Alcalá de Henares, José Manuel Brandão, da Universidade de Évora, e Pedro Miguel Callapez, da Universidade de Coimbra, reabilitaram estes holótipos depois de os descobrirem durante um estudo de rotina das colecções de cefalópodes. Publicaram a descoberta recentemente na revista “Cretaceous Research”, descrevendo com mais rigor os exemplares e melhorando o conhecimento do género Vascoceras do Cretácico Superior. “Por vezes, uma nova descoberta pode não implicar uma saída de campo”, diz Vanda Santos. “Pode estar escondida à vista de todos.”

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