A Covid-19 encurralou-nos,substituindo situações familiares por incógnitas desorientadoras. Muito mudou e muito continua a mudar. Por isso, é bom encontrar algo totalmente inesperado... mas positivo em todos os sentidos.
No final da actuação do quarteto UceLi, o ar das ventoinhas gigantes agitou as folhas das plantas gerando um som que, com um pouco de imaginação, soou como o aplauso da natureza.
A Covid-19 encurralou-nos,substituindo situações familiares por incógnitas desorientadoras. Muito mudou e muito continua a mudar. Por isso, é bom encontrar algo totalmente inesperado... mas positivo em todos os sentidos. Peculiar. Belo. Transbordante de vida.
A Espanha foi atingida muito cedo por esta crise e o confinamento no país vizinho durou três meses. Em Junho, a flexibilização das restrições foi celebrada com um concerto no Gran Teatre del Liceu em Barcelona.
O público? 2.292 plantas vivas. A audiência verdejante foi presenteada com um quarteto de cordas a interpretar a peça “Crisantemi” de Giacomo Puccini. O nome significa crisântemo, uma flor que os italianos usam para expressar a perda e de luto. Foi, de alguma maneira, uma piscadela de olhos simbólica ao sofrimento registado em Itália, um dos países mais duramente afectados pela pandemia em Março.
A expectativa do artista Eugenio Ampudia era a de tornar a casa da ópera mais verde e, com isso, fazê-la parecer “viva, mesmo sem pessoas”. Um público humano invisível beneficiou: após o concerto, as plantas foram oferecidas aos profissionais de saúde de Barcelona.
A receptividade da população catalã foi brilhante. Como escreveu um colunista, “num ano com tanta escuridão e sofrimento tão intenso, um acto de absurda bondade conseguiu animar-nos.”