Uma equipa de arqueólogos marroquinos do Institut National des Sciences d'Archeologie et du Patrimoine descobriu, segundo a Associated Press, uma importante extensão até então desconhecida do sítio histórico de Chellah, situado em Rabat.

Neste anexo, foram encontradas ruínas de várias estruturas da época romana, datadas do século II d.C., que poderão fornecer novas informações sobre a vida romana e marroquina da época: uma zona portuária, um cemitério e um banho público, bem como uma estátua sem cabeça representando uma divindade feminina romana.

Estas descobertas ocorreram em torno da muralha merínida que rodeia o recinto. Assim, este sítio pode actualmente ser considerado o terceiro maior de Marrocos. 

ESTRUTURAS FORNECEM NOVAS INFORMAÇÕES 

Os trabalhos de escavação puseram a descoberto partes de uma espessa muralha defensiva que rodeava a antiga cidade romana de Sala Colonia, situada na actual Salé. Os vestígios indicam também a presença de alguns edifícios da mesma época e de uma vasta área de túmulos construídos em redor da muralha.

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Os restos de edifícios que outrora rodeavam a muralha também foram encontrados na mesma zona.

Outras estruturas de dimensões consideráveis indicam que esta poderá ter sido uma das maiores cidades romanas da região, situada perto do rio Bu Regreg, na costa atlântica.

As impressionantes termas romanas, com mais de 2.000 metros quadrados, seriam as maiores alguma vez encontradas em Marrocos, assemelhando-se às construídas em Roma no período imperial.

No mesmo perímetro, foi descoberta uma estátua de alabastro sem cabeça, provavelmente representando uma divindade feminina romana. É a primeira estátua deste género a ser descoberta no país desde a década de 1960. Os peritos indicam que a decapitação de estátuas de deuses romanos era uma prática comum por volta do século V.

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A decapitação de estátuas de deuses romanos era uma prática comum da época romana na região.

No entanto, a zona de maior interesse para os investigadores é a que corresponderia a uma zona portuária, o que reflecte o facto de a antiga cidade ter tido tráfego marítimo, parte do qual teria sido provavelmente para uso comercial. Seria, portanto, a primeira cidade romana em Marrocos onde foi identificada uma zona portuária.

Durante a sua visita ao local, o Ministro da Juventude, da Cultura e da Comunicação, Mohamed Mehdi Bensaid, sublinhou a importância histórica e científica destas descobertas para a cidade de Rabat.

A NECRÓPOLE DE CHELLAH

O que hoje conhecemos como necrópole de Chellah foi a antiga cidade romana de Sala Colonia (séc. II a.C. - séc. VI d.C.), situada nas margens do rio Bu Regreg, na costa atlântica do actual território marroquino. 

A sua localização estratégica tê-la-ia tornado uma importante cidade de passagem naval, onde os Marínidas, uma dinastia berbere de Marrocos, construíram mais tarde uma necrópole fortificada no século XIII.

A passagem do tempo, desde a época pré-romana e antes de poder ser considerada uma cidade, alargou o seu território, onde se construíram e demoliram uma série de edifícios, alguns dos quais permaneceram enterrados durante séculos, ocultando a verdadeira extensão do sítio de Chellah. 

O sítio histórico é um magnífico testemunho da passagem dos fenícios, cartagineses, romanos e árabes, agora desabitado e pronto para a investigação contínua e visitas turísticas.