Independentemente de as suas origens se radicarem num povoado de descendência celta, a verdade é que só a partir de 138 a.C. Bracara adquiriu expressão significativa, após ser fundada em nome do imperador Augusto. A cidade, porém, não surgiu do nada nem foi um mero capricho imperial. Apesar da sua extensão e hegemonia, o Império Romano encontrou adversários indígenas na Península Ibérica e só após as guerras cantábricas houve condições para promover a pax romana.

Augusto sentiu, então, a necessidade de marcar o poder e controlo romano sobre toda essa região e autorizou a fundação de uma cidade num dos limites setentrionais do império. Um dos momentos que assinalaram a importância crescente desta nova urbe foi a consagração como sede do Conventus Bracarensis, pois Bracara foi então inserida na província Tarraconense.

Ao longo das décadas, Bracara Augusta foi adquirindo preponderância, a ponto de se ter tornado, no século IV, capital da novel província da Galécia, sob jurisdição do imperador Diocleciano. Diocleciano, aliás, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de Bracara Augusta, encetando um conjunto de reformas que asseguraram importantes funções políticas, administrativas, comerciais, jurídicas e, até, religiosas para a cidade. Foram construídos então os primeiros edifícios públicos monumentais, como a domus, templos e o Senado; abriram-se vias com acesso às restantes cidades ibéricas; desenvolveram-se actividades económicas, sobretudo relativas à metalurgia, à olaria e ao comércio.

A cidade desenvolveu-se em forma ortogonal, com ruas divididas por quarteirões e uma cintura de muralhas – em muitos aspectos, terá sido uma cidade romana exemplar. Todo este conjunto permitiu que a cidade fundada por Augusto se expandisse em área e em número de habitantes.

Bracara Augusta

No âmbito do programa cultural da cidade minhota, têm sido realizadas várias recriações históricas.

Desde o século XVI que os eruditos procuram inspiração no subsolo da grande cidade minhota. A acção dos arcebispos permitiu que várias estruturas fossem conhecidas e sabe-se que, nesse século, surgiram ainda troços das vias romanas e os edifícios do Fórum e do Teatro. No século XIX, afigura de Albano Belino foi fundamental para recuperar vestígios de peças e memórias da cidade romana, bem como os vestígios então descobertos da epigrafia latina.

Olegado romano, insistentemente escavado no século XX e tema de um interessante projecto multimédia da Universidade do Minho, emerge aqui e acolá, como se o passado espreitasse entre as ruas e edifícios modernos, lembrando aos bracarenses que as suas raízes são como as figueiras – tanto se desenvolvem ao nível do solo como seembrenham a grande profundidade, perdendo-se na memória dos tempos.

Bracara Augusta