Balazs Gardi descobriu a cidade afegã de Garmsir em 2006, enquanto acompanhava soldados britânicos sob um dilúvio de rockets e balas disparadas pelos talibãs. Dezasseis anos mais tarde, o seu regresso ao local (ver reportagem: A estrada perdida do Afeganistão ) aconteceu sob auspícios muito diferentes. “O meu guia era um ex-combatente talibã, que treinara candidatos a atentados suicidas durante a guerra. Perguntei-lhe se conhecia locais históricos próximos da antiga linha de frente”, conta o fotógrafo.
O guia conduziu-o ao mausoléu de Amir Agha. Com mais de mil anos, o túmulo que guarda os restos mortais de um peregrino da era pré-islâmica, oriundo do território actualmente integrado em Israel, é venerado pelos afegãos porque acreditava numa única divindade. “Tudo sobre este lugar parecia sobrenatural. As velhas árvores retorcidas em redor do monumento eram o elemento mais impressionante. À medida que o Sol se punha, procurava uma forma de as fotografar, quando Abeda e o irmãozinho Ehsanullah surgiram montados no seu burro. Ela parou durante um longo momento, olhando para mim em silêncio, com curiosidade e ferocidade.”
Mais tarde, o fotógrafo foi preso por um grupo talibã local que desconhecia a autorização do governo provincial para esta visita. “As diferentes facções demoraram horas a entenderem-se ao telefone”, recorda o fotógrafo. “Enquanto esperava, não pude deixar de me perguntar quanto tempo demoraria até este local se tornar de novo inacessível a estrangeiros.”
Nascido na Hungria e radicado nos Estados Unidos, Balazs Gardi explora as circunstâncias criadas pelo homem que ameaçam a existência humana. Foi distinguido com vários prémios pelo trabalho desenvolvido sobre o conflito afegão.