Hannah Reyes Morales tem uma opinião consolidada sobre a forma como a comunicação social retrata “mulheres sobreviventes”. Em parte, isso deve-se ao facto de ela própria ser uma sobrevivente de agressão sexual na infância.

Por isso, está empenhada em usar a fotografia para documentar a realidade das vidas das mulheres sobreviventes, que muitas vezes são “muito mais complexas do que parecem“.

No projecto “Abrigo da Tempestade”, Hannah colaborou com a escritora Aurora Almendral para contar histórias de mulheres filipinas que abandonaram as províncias rurais para se tornarem trabalhadoras sexuais na cidade de Angeles, um distrito de prostituição das Filipinas.

O tufão Haiyan, um dos mais fortes já registados, atingiu as Filipinas em 2013. Forçou o deslocamento de  cerca  de quatro milhões de pessoas, criando o  que  um  funcionário do governo designou por “festa para traficantes de seres humanos”  que  atraíram mulheres desesperadas para trabalhar em bares, onde algumas se tornaram profissionais do sexo.

Entre as pessoas que Hannah fotografou estavam três irmãs que enviavam dinheiro para casa para que a mãe pudesse pagar o tratamento de um cancro e reconstruir a casa que o tufão destruíra

A exploração de temas muito sensíveis convenceu a fotógrafa de que “se investigarmos a história durante tempo suficiente, conseguimos ver a forma como as pessoas encontram maneiras de ultrapassar situações difíceis. É por isto que devemos sempre deixar que sejam os nossos interlocutores a guiar-nos.”