Numa tarde de setembro, em 1940 , quatro adolescentes entraram numa floresta perto de Montignac, no Sudoeste de França. Exploraram um buraco escuro que, segundo os boatos, era uma passagem subterrânea até à casa senhorial de Lascaux, nas redondezas. Encolhendo-se para entrar, não tardaram a ver pinturas maravilhosamente realistas de cavalos a correr, veados a nadar, bisontes feridos e outros seres. Hoje, sabe-se que essas obras de arte deverão ter sido pintadas há 20 mil anos.

A colecção de pinturas de Lascaux pertence a um conjunto de cerca de 150 sítios pré-históricos do Paleolítico que foram documentados no vale do Vézère, em França. Este canto do Sudoeste da Europa foi uma região importante da arte figurativa. A maior descoberta desde Lascaux ocorreu em Dezembro de 1994, quando três espeleólogos encontraram obras de arte que não eram vistas desde que uma derrocada fechou uma gruta no sul de França há 22 mil anos. Aqui, à luz cintilante da fogueira, artistas pré-históricos desenharam perfis de leões-das-cavernas, manadas de rinocerontes e mamutes, magníficos bisontes, cavalos, cabras-montesas, auroques e ursos-das-cavernas. No total, os artistas retrataram 442 animais, possivelmente ao longo de milhares de anos, usando quase 37 mil metros quadrados da superfície de uma gruta. O sítio, conhecido como gruta de Chauvet-Pont-l’Arc, é por vezes considerado a Capela Sistina da pré-história.

pinturas rupestres

Descoberto em 1994, o Painel dos Cavalos e as outras deslumbrantes criações da gruta de Chauvet-Pont-d’Arc  são “um testemunho extraordinário dos primeiros passos  do homem na aventura da arte”, diz Fleur Pellerin,  ministra francesa da Cultura.

Durante décadas, os académicos teorizaram que a arte evoluíra lentamente desde os riscos primitivos até às representações realistas e naturalistas. As sombras subtis e as linhas elegantes das obras-primas de Chauvet punham-na no pináculo dessa progressão. Chegou então a datação por carbono e os eruditos vacilaram. Com cerca de 36 mil anos (quase o dobro de Lascaux), as imagens de Chauvet representavam os mais antigos começos conhecidos.

A busca pelas mais antigas pinturas rupestres do mundo continua. Em Sulawesi, os cientistas encontraram uma câmara de pinturas de seres parcialmente humanos, parcialmente animais que se estima terem anos, mais do que qualquer outra arte figurativa vista na Os académicos ainda não sabem se a arte foi inventada muitas vezes ou se foi uma capacidade desenvolvida no início da nossa evolução. Aquilo que sabemos é que a expressão artística tem raízes profundas na nossa ancestralidade.