Empregar os termos correctos, na linguagem oral e escrita, é essencial tanto para tratar a informação com rigor como para melhor compreender a realidade. Assim, na sequência do actual conflito entre Israel e o grupo militante palestiniano Hamas, ressurgiram dúvidas sobre os adjectivos árabe, muçulmano, islamista e derivados.
Contrariamente à crença popular, todos eles têm significados muito diferentes e não podem ser utilizados indistintamente. Por isso, agora mais do que nunca, é necessário clarificar as suas nuances.
ÁRABE
Este termo refere-se às pessoas de etnia e língua árabes, geralmente aplicadas aos países do Norte de África, da Península Arábica e do Médio Oriente, que estando em maioria não são únicas. Por exemplo, um dos equívocos mais regulares é usar os termos "iraniano" e "árabe" como sinónimos. O iraniano é, na verdade, etnicamente persa e fala farsi. O alfabeto persa deriva, porém, do alfabeto árabe.
MUÇULMANO OU ISLAMITA
Este adjectivo é utilizado para designar os seguidores do islão, a religião regida pelos ensinamentos do Corão. E, neste sentido, é necessário sublinhar que se pode ser árabe sem ser muçulmano (por exemplo, há minorias cristãs na Tunísia, em Marrocos ou noutros países de maioria árabe) e ser muçulmano sem ser árabe: de facto, o país com o maior número de seguidores do Corão é a Indonésia, que não se situa no chamado mundo árabe. Na Europa, por exemplo, estados seculares como a Bósnia e Herzegovina, a Albânia, o Azerbaijão ou a Turquia, apesar de terem uma maioria muçulmana, não são dominados por árabes. Um muçulmano pode ainda ser rotulado de sunita ou xiita, numa alusão aos ramos mais populares e representados do islão – o sunismo e o xiismo.
ISLÂMICO
Tudo o que se refere ao islão pode ser descrito com o termo islâmico: tradição islâmica, cultura islâmica, etc. É, no entanto, uma palavra que é frequentemente confundida com um derivado: islamista. Em que é que diferem exactamente? Segue-se a resposta.
ISLAMISTA
De acordo com o Agência da ONU para Refugiados, islamista não é equivalente a "praticante do islão", que corresponderia ao termo muçulmano definido anteriormente. Refere-se antes à ideologia que está na base do fundamentalismo islâmico: a aplicação dos preceitos do Islão à vida política, como acontece no Paquistão, no Afeganistão e na Líbia, entre outros.
Dentro desta doutrina, há vertentes radicais a que se dá o adjectivo de jihadista. Mas, mais uma vez, este não deve ser confundido com nenhum dos termos acima referidos.
OUTROS TERMOS QUE SE PRESTAM A CONFUSÃO
Magrebino é também frequentemente confundido com árabe ou muçulmano. No entanto, nada poderia estar mais longe da verdade: este adjectivo é utilizado para tudo o que está relacionado com a região do Magrebe, que inclui a Argélia, Marrocos e Tunísia. Por exemplo, o povo nómada berbere é magrebino, mas não é árabe.
Por último, a palavra "mouro" também se refere a pessoas desta mesma região, bem como às do Sara Ocidental e da Mauritânia, embora em Portugal e na Espanha seja utilizada de forma pejorativa.