Amadeo no Museu de Amarante

O Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso tem um espaço especial para as obras do pintor que lhe dá o nome — algumas da colecção da instituição e outras depositadas por empréstimo. Destacamos seis pela sua importância na definição do programa artístico de Amadeo.

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Atelier de Amadeo em Paris
Espólio Amadeo de Souza-Cardoso | FCG - Biblioteca de Arte

O atelier de Amadeo em Paris, onde passaram muitos dos intelectuais portugueses

De Amadeo a Agustina Bessa-Luís, não esquecendo Teixeira de Pascoaes, António Carneiro ou o crítico literário Alexandre Pinheiro Torres, Amarante foi berço de artistas notáveis. Sobretudo o primeiro tem vindo a ser redescoberto nos últimos anos. Parte desse entusiasmo renovado pelo pintor amarantino nasceu do trabalho biográfico do historiador Luís Damásio, que tem uma palavra a dizer sobre estas obras.

Na fase parisiense, Amadeo mostra-se com frequência saudoso da sua terra natal, da mesma maneira que, exilado à força em Portugal a partir de 1914 (impedido de regressar a França pela Primeira Guerra Mundial), Amadeo evocará o seu país de acolhimento.

Câmara Municipal de Amarante / Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

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1. Moinho

Na fase parisiense, Amadeo mostra-se com frequência saudoso da sua terra natal, da mesma maneira que, exilado à força em Portugal a partir de 1914 (impedido de regressar a França pela Primeira Guerra Mundial), Amadeo evocará o seu país de acolhimento. Nesta obra de 1910, representa um moinho, uma das muitas marcas da paisagem rural que conhecia. 

(Óleo sobre madeira, 1910)

Óleo sobre tela, c. 1911-16

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2. Vida dos Instrumentos

Ao longo da sua carreira, Amadeo pintou com frequência a música e os seus intérpretes, criando variações do tema. Na exposição de pintura Abstraccionismo, inaugurada no Porto em Novembro de 1916, o pintor apresentou 114 obras que, como verificou o historiador Luís Damásio, custavam 10 mil a 600 mil reis. Num artigo que escreveu sobre a exposição na imprensa do Porto, o jornalista Vaz Passos alertava a elite da cidade para a necessidade de se modernizar. E lembrava: "Esta [exposição] é moderníssima."

(Óleo sobre tela, c. 1911-16)

Retrato de F. F. Cardoso  Francisco Cardoso, tio de Amadeo, foi a figura tutelar da vida do pintor, incitando-o a novos desafios e a romper fronteiras. Órfão de pai em idade jovem, herdou uma fortuna que lhe permitiu viajar e não se preocupar com a independência financeira.

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3. Retrato de F. F. Cardoso

Francisco Cardoso, tio de Amadeo, foi a figura tutelar da vida do pintor, incitando-o a novos desafios e a romper fronteiras. Órfão de pai em idade jovem, herdou uma fortuna que lhe permitiu viajar e não se preocupar com a independência financeira. Como revelou o historiador Luís Damásio, a família chamava-lhe "O Peregrino" pelas suas constantes viagens. Amadeo foi fortemente influenciado por este tio cosmopolita e erudito que lhe contava as últimas novidades estéticas que vira em Paris.

(Óleo sobre cartão, c. 1913)

Pintura – Cavaquinho  Na Tertúlia Parisiense, Amadeo também tocava instrumentos e cantava à desgarrada.

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4. Pintura – Cavaquinho

Na Tertúlia Parisiense, Amadeo também tocava instrumentos e cantava à desgarrada. A música é um dos temas mais representados na obra do amarantino, na qual tanto figuram instrumentos clássicos, como o violino e o violoncelo, como outros, de cariz mais popular, como a viola, o bandolim ou o cavaquinho. Luís Damásio propôs a hipótese de esta obra ter sido inspirada pelas visitas regulares da família a Braga, onde o cavaquinho tinha então uma forte implantação popular.

(Óleo sobre tela, c. 1915)

D. Manuel II  À Procura de um estilo entre o final de 1908 e o início de 1909, Amadeo criou esta representação do último rei de Portugal, usando talvez como modelo uma fotografia popular do sucessor de Dom Carlos. Segundo Luís Damásio, foi uma das primeiras obras a óleo do futuro pintor, que representou o rei com um traje carnavalesco muito semelhante ao que o próprio Amadeo usara no Carnaval de Amarante de 1901.

Câmara Municipal de Amarante / Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

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5. D. Manuel II

À Procura de um estilo entre o final de 1908 e o início de 1909, Amadeo criou esta representação do último rei de Portugal, usando talvez como modelo uma fotografia popular do sucessor de Dom Carlos. Segundo Luís Damásio, foi uma das primeiras obras a óleo do futuro pintor, que representou o rei com um traje carnavalesco muito semelhante ao que o próprio Amadeo usara no Carnaval de Amarante de 1901.

(Óleo sobre madeira, s/d)

Canção Popular e Pássaro do Brasil   Os Trajes Regionais das mulheres minhotas emergem com frequência na pintura do artista amarantino, reflectindo o seu apego à terra que o vira nascer. Como lembrou o historiador de arte José-Augusto França, as bonecas de trapos são retratadas na pintura de Amadeo como peças secundárias e marginais, integradas em vistas abstractizadas da aldeia, representando cenas em que essas janelas figuram em composições mais complexas de gosto folclórico".

Óleo sobre tela, c. 1915, Câmara Municipal de Amarante / Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

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6. Canção Popular e Pássaro do Brasil

Os Trajes Regionais das mulheres minhotas emergem com frequência na pintura do artista amarantino, reflectindo o seu apego à terra que o vira nascer. Como lembrou o historiador de arte José-Augusto França, as bonecas de trapos são retratadas na pintura de Amadeo como peças secundárias e marginais, integradas em vistas abstractizadas da aldeia, representando cenas em que essas janelas figuram em composições mais complexas de gosto folclórico".

(Óleo sobre tela, c. 1916)