Okey, Okay, Okapa, Okey-dokey… As derivações escritas e pronunciadas de OK (ou O.K.) vão-se multiplicando pelo mundo fora. No nosso país, OK é usado como advérbio (como sinónimo de "certamente") ou como adjectivo ("bom", "adequado" e "correcto"), segundo a Infopédia. Já o Priberam fá-lo equivaler a "está bem", "de acordo" e "tudo em ordem". "Entendido", "combinado" ou "razoável" são outras possíveis traduções.

A versão mais difundida da sua origem – descrita pelo etimologista Allen Walker Read nos anos 1960 – defende que a primeira utilização impressa da expressão OK ocorreu no jornal The Boston Post no final da década de 1830. Uma gralha da expressão "all correct" [tudo correcto] deu à estampa então como um resumo de “oll korrect”. 

Um obituário de Read, publicado a 2 de Outubro de 2002 no Los Angeles Times, conta ao pormenor a história desta corruptela, recuperando as palavras do autor à Magazine Word Study em 1965: "Qualquer um que tente defender 'o tesouro da nossa língua' deve reconhecer que uma parte valiosa do tesouro é o elemento coloquial, os localismos e as gírias". Depois do um estudo exaustivo, o investigador refutou que o OK provinha da palavra Choctaw okeh ou oke (uma tese popular na altura), ou do francês "aux cayes" (o porto haitiano de Aux Cayes, de onde se exportava rum de primeira água). Ou das iniciais de Orrin Kendall, um fabricante de biscoitos acima da média durante a guerra civil...

Em 1840, nos EUA, a campanha presidencial de Martin van Buren iria popularizar o termo OK, ao utilizá-lo como slogan – tendo os seus apoiantes chegado a formar um "OK Club". O OK finalmente ganhava escala e projecção mediática, mas não foi suficiente para a reeleição de Van Buren. 

OK na cultura pop

O OK manual (como gesto) é um dos primeiros sinais que os mergulhadores aprendem para comunicar debaixo de água com terceiros, podendo servir de pergunta ("estás bem?") ou de resposta ("estou bem"). Trocado por dedos: trata-se de juntar o polegar e o indicador para formar um laço e estender o terceiro, quarto e quinto dedos. Um sinal – com outra significação, é certo, a de "zero", como em França – por sua vez adoptado pelo Movimento Zero, um movimento social inorgânico português, nos seus protestos de 2019. 

O termo em si tem direito a um emoji universal e a um contraponto (K.O. ou KO, de knockout, usado em desportos de combate de full-contact). Serviu, no mundo audiovisual, para nomear filmes ("O.K.", uma película alemã anti-guerra de 1970, "OK", uma drama familiar de 2017, e "Not OKay", um pesadelo ficcionado acerca do preço da fama dos influencers, de 2022), figurando ainda no título da série retro-futurista de desenhos animados "O.K K.O.! Let's Be Heroes".

Na música está presente em nomes de bandas (OK GO) e em títulos de canções (como "OK, Do You Want Something Simple", dos portugueses The Gift). Os britânicos Radiohead lançaram em 1997 um disco intitulado "OK Computer" – que por sua vez aludia a uma expressão usada na série radiofónica de ficção científica "À Boleia pela Galáxia", de 1978. Dizia a personagem Zaphod Beeblebrox a dada altura para uma máquina: "Okay, computer, I want full manual control now" (algo como "Muito bem, computador, agora quero o controlo manual total").