18 assassinatos que mudaram o rumo da história

Ao longo da história, o homicídio tem sido um dos métodos usados para levar a cabo uma vingança ou mudar o rumo dos acontecimentos. Destacamos hoje os assassinatos de 18 personagens históricas, de Júlio César a John Lennon.

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Presidente Kennedy em Dalla
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Fotografia do presidente Kennedy em Dallas, na limusina que o transportava minutos antes do magnicídio.

Não é estranho constatar, sobretudo nos tempos que correm, que personagens famosas de diversas áreas, especialmente da política, não se deslocam pelas ruas das nossas cidades sem a companhia de uma escolta policial ou, em alguns casos, de prestigiados serviços de segurança privados. Para evitar uma possível tragédia, presidentes, primeiros-ministros, reis e até estrelas de rock fazem-se sempre rodear por medidas impressionantes para garantir a sua segurança.

Ao longo do tempo, a sociedade testemunhou o assassinato de personagens importantes, alguns dos quais ainda por resolver, que abalaram a opinião pública da sua época. Júlio César, JFK, Stephen Biko, Sharon Tate e John Lennon, entre outros, foram vítimas de homicídios que ainda hoje provocam espanto (e até indignação) pela forma como foram cometidos. Neste artigo, revisitamos alguns dos crimes mais famosos da história e o contexto em que cada um ocorreu.

“La morte di Cesare”

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As 23 punhaladas infligidas a Júlio César

Júlio César continua a ser uma das personagens mais famosas e carismáticas da história, sobretudo devido ao seu terrível fim. O “ditador perpétuo” (era esse o título que ostentava aquando da sua morte) foi assassinado nos idos de Março do ano 44 a.C., data que, no calendário romano, correspondia ao dia 15 do mês dedicado a Marte, o deus da guerra. Apesar dos avisos da sua esposa, Calpúrnia, que o vira coberto de sangue em sonhos, César dirigiu-se ao Senado. O que poderia acontecer-lhe? O homem mais poderoso de Roma era popular entre a plebe e sentia-se seguro de si mesmo. Porém, desconhecia completamente o perigo que pairava sobre ele. Um grupo de senadores, liderado por Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino, tinha conspirado para acabar com a vida de César, com medo de que o ditador abolisse o Senado (acabando com os seus privilégios) e instituísse uma monarquia. O que aconteceu a seguir faz parte da lenda: Júlio César recebeu vinte e três punhaladas e pronunciou a célebre frase: “Também tu, Brutus?” (Embora não haja a certeza que o tenha feito. Tudo acabou com o eclodir de uma guerra civil, na qual os assassinos seriam derrotados e o vencedor seria Octávio, sobrinho-neto de César e futuro primeiro imperador de Roma, sob o nome de Augusto.

Na imagem, “La morte di Cesare”, quadro pintado pelo artista italiano Vicenzo Camuccini entre os anos 1804 e 1805. Galeria Nacional de Arte Moderna, Roma.

Retrato de Abraham Lincoln.

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O assassinato de Abraham Lincoln

Abraham Lincoln foi o 16º presidente dos Estados Unidos da América e o homem que liderou o norte durante a sangrenta Guerra da Secessão. Lincoln também passou à história como o presidente que preservou a União e aboliu a escravatura. Contudo, também a sua morte dramática é um marco na sua biografia. No dia 15 de Abril de 1865, enquanto assistia a uma peça de teatro em Washington, o presidente foi assassinado por um actor conhecido e confederado assumido chamado John Wilkes Booth. Aproveitando o facto de o guarda-costas do presidente ter abandonado o teatro para ir beber algo com o cocheiro, Booth sacou de uma arma e alvejou Lincoln directamente na cabeça. Após o magnicídio, Booth saltou para o palco e gritou “Sic semper tyrannis” (Assim sempre aos tiranos), uma frase atribuída a Marco Júnio Bruto depois de apunhalar Júlio César. Antes que alguém conseguisse apanhá-lo, Booth fugiu, mas onze dias mais tarde, a 26 de Abril de 1865, foi morto a tiro pelo sargento Boston Corbett.

Na imagem, Abraham Lincoln fotografado em 1863 por Alexander Gardner. Mead Art Museum, Amherst, Massachusetts.

Sharon Tate

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Sharon Tate, vítima da “família” Manson

A 9 de Agosto de 1969, Sharon Tate encontrava-se a duas semanas de dar à luz e o seu marido, o realizador de cinema de origem franco-polaca, Roman Polanski, estava em Londres a terminar o seu novo filme. Nesse dia, Sharon almoçou em casa com as actrizes Joanna Pettet e Barbara Lewis, desabafando com elas a sua tristeza por o seu esposo ter de adiar o seu regresso da Europa. Nessa noite, Sharon jantou no restaurante El Coyote na companhia do seu ex-namorado, o famoso cabeleireiro Jay Sebring, Wojciech Frykowski (um aspirante a escritor que, segundo se diz, era traficante de droga) e a namorada deste, Abigail Folger. Após o jantar, foram todos para a casa de Sharon Tate e Roman Polanski, no número 10050 de Cielo Drive. Antes deles, vivera nessa mansão o produtor Terry Melcher, que um furioso Charles Manson pretendia assassinar, revoltado pela sua recusa em produzir um disco seu. Manson, que não sabia que Melcher já não vivia ali, enviou quatro membros da sua “família” até à casa, Tex Watson, Susan Atkins, Linda Kasabian e Patricia Krenwinkel, para matar todos os que ali se encontrassem. Às 22h30, começou um horror semelhante ao de um ritual satânico. Os membros da seita de Manson surpreenderam Sharon e os seus amigos enquanto dormiam e, depois de cortarem a linha telefónica, reuniram-nos todos na sala, onde Watson se apresentou: “Sou o demónio e vim fazer o que o demónio faz”. A terrível morte da actriz, com apenas 26 anos, do seu filho por nascer e de todos os seus amigos comoveu a sociedade norte americana da época e marcaria o princípio do fim da era hippie.

Em cima, uma fotografia da actriz Sharon Tate.

Leon Trotski

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Trotsky é assassinado no México

"Trotsky" foi uma alcunha que Lev Davidovich Bronstein adoptou, derivada do nome de um dos seus carcereiros, enquanto esteve preso na Sibéria. Trotsky foi um firme opositor primeiro do regime czarista e, mais tarde, de Estaline e dos anarquistas. Também teve divergências com Lenine quanto à concepção do que deveria ser o Partido Comunista, ao ponto de, em 1911, Lenine chegar a referir-se a ele como “o Judas Trotsky”. A perseguição a Trotsky e ao chamado “trotskismo” começou em 1924, após a morte de Lenine, um momento em que a mais pequena crítica ao regime estabelecido por Estaline era considerada alta traição. A 15 de Novembro de 1927, Trotsky foi expulso do Partido Comunista, num momento em que a perseguição promovida pelo estalinismo se tornara implacável. Em Janeiro de 1928 foi deportado, juntamente com a sua companheira, Natália, para Alma-Ata, no Cazaquistão, tendo sido privado da sua cidadania e expulso da União Soviética em 1929. Apesar disso, Estaline preocupava-se cada vez mais com a actividade de Trotsky no estrangeiro e ficou obcecado com pôr fim à sua vida. No início de 1939, entregou o comando da polícia política a Pavel Sudoplatov, encarregando-o de uma tarefa muito especial: organizar o assassinato de Trotsky no México, onde este se encontrava naquele momento. Um ano mais tarde, a 20 de Agosto de 1940, concretizaria o seu propósito graças a um agente espanhol chamado Ramón Mercader, que desferiu um golpe mortal na cabeça de Trotsky com um piolet, enquanto trabalhava na sua casa da Cidade do México.

Em cima, retrato de Leon Trotski publicado na capa da revista “Prozhektor” em 1924.

arquiduque Francisco Fernando da Áustria e a sua esposa, Sofia

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O atentado contra o arquiduque Francisco Fernando da Áustria em Sarajevo

No dia 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, acompanhado pela sua esposa, Sofia, visitou Sarajevo, a capital da Bósnia. Entre a multidão, escondiam-se seis membros da organização revolucionária Jovem Bósnia,. No meio da multidão, a comitiva imperial cruzou-se com um dos membros do grupo, chamado Nedeljko Cabrinovic, que atirou uma granada para o coche aberto do arquiduque, embora tenha incompreensivelmente falhado, ferindo alguns espectadores. O acontecimento fez com que, a caminho do hospital para visitar os feridos, o coche do arquiduque se cruzasse com outro membro da organização, chamado Gavrilo Princip, que, sem pensar duas vezes, disparou contra Francisco Fernando e Sofia, causando a sua morte. Um mês após o magnicídio, o imperador da Áustria, Francisco José, declarava guerra ao reino da Sérvia. Uma vez que este país se encontrava sob a protecção da Rússia, a aliança franco-russa foi arrastada para um conflito ao qual os britânicos se juntariam. A Alemanha, por outro lado, aliou-se ao império austro-húngaro. Todos acabariam envolvidos numa guerra, a Primeira Guerra Mundial, que provocaria mais de 20 milhões de mortos.

Em cima, uma ilustração que mostra o momento em que ocorre o atentado contra o arquiduque Francisco Fernando da Áustria e a sua esposa, Sofia.

Malcolm X

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Malcolm X, a morte de um activista

O assassinato de "Malcolm Little", conhecido mundialmente como Malcolm X, ainda hoje suscita muitas dúvidas. O activista afro-americano foi assassinado a 21 de Fevereiro de 1965, num comício em Nova Iorque. Por que o mataram? Malcolm rejeitava a violência como estratégia e defendeu o separatismo negro, afirmando que os afro-americanos não poderiam ter sucesso numa sociedade racista dominada pelos brancos. O ponto de inflexão de Malcolm X ocorreu quando enfrentou a liderança da Nação do Islão, uma organização religiosa e sociopolítica cujo objectivo era ressuscitar a consciência espiritual, mental, social e económica da população afro-americana segundo os preceitos do Islão e da qual era membro. No dia 21 de Fevereiro de 1965, Malcolm X dispunha-se a subir ao palco de Audubon Ballroom, no Harlem, pouco depois das 15h00. Enquanto cumprimentava o público, alguém gritou: “Tira a mão do meu bolso!”. Mantendo o sangue-frio, Malcolm X pediu calma a todos os presentes. Enquanto os seus guarda-costas estavam envolvidos numa luta, um homem com uma espingarda de canos serrados apareceu e disparou directamente sobre o peito de Malcolm, que caiu numas cadeiras que estavam atrás de si devido ao impacto. Na primeira fila, a sua esposa, Shabazz, grávida do seu quinto filho, protegia os outros quatro, enquanto outros dois homens acorriam ao palco para pôr fim à vida de Malcolm. Durante a fuga, um dos homens armados, Talmadge Hayer, foi ferido e brutalmente espancado pelas pessoas reunidas no teatro. O corpo crivado de balas de Malcolm X foi rapidamente conduzido ao hospital, mas nada se pôde fazer para salvar-lhe a vida.

Em cima, uma fotografia de Malcolm X captada em Março de 1964. 

John Fitzgerald Kennedy e a sua esposa, Jacqueline

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O magnicídio de John Fitzgerald Kennedy

No dia 22 de Novembro de 1963, John Fitzgerald Kennedy, o 35º presidente dos Estados Unidos da América, atravessava uma multidão com a sua esposa Jacqueline na sua visita à cidade de Dallas. Incompreensivelmente, o casal deslocava-se numa limusina descapotável, sem qualquer protecção, ignorando completamente o que estava prestes a acontecer. Subitamente, dois disparos soaram entre a multidão fervorosa, atingindo fatalmente o presidente, que morreu quase instantaneamente, ao receber o impacto de uma bala na cabeça. Fora perpetrado um magnicídio que comoveu a população dos EUA e de todo o mundo. Passadas algumas horas, soube-se que o assassino era Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro, que passara uma longa temporada na União Soviética depois de desertar do exército. Todavia, ainda hoje são muitas as sombras que pairam sobre o assassinato do presidente norte-americano. Com efeito, desconhecem-se os motivos que levaram Oswald a cometer aquele crime, uma vez que ele foi assassinado pelo proprietário de um clube nocturno chamado Jack Ruby pouco antes de testemunhar. O mistério em torno de um dos magnicídios mais famosos da história contemporânea.

Na fotografia, John Fitzgerald Kennedy e a sua esposa, Jacqueline, ao serem recebidos pelas autoridades no aeroporto de Dallas.

 Mahatma Gandhi

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O terrível fim de Mahatma Gandhi

Para Nathuram Godse, um fundamentalista hindu, o dia 30 de Janeiro de 1948 não iria ser um dia qualquer. Iria ser o dia em que poria fim à vida de Mahatma Gandhi. Naqueles tempos críticos, Gandhi era um homem que despertava animosidade tanto entre hindus como entre muçulmanos, uma vez que ambos o acusavam de favorecer a outra facção. Para Godse, um hinduísta com fortes vínculos à extrema-direita, e outros como ele, Gandhi era um traidor que acusavam de ter beneficiado os muçulmanos aquando da partição da Índia. Nesse dia fatídico, acompanhado pelas suas duas sobrinhas, Manu e Abha, Gandhi dirigiu-se à sua sessão de oração vespertina, onde Godse o aguardava sobre a plataforma e se dirigiu a ele de mãos unidas, entre as quais empunhava uma minúscula pistola. Depois de empurrar uma das jovens, o homem deixou a descoberto a mão direita, com a qual segurava a pistola e, sem pensar duas vezes, deu três tiros à queima-roupa que puseram fim à vida de Gandhi. Após o assassinato, a multidão encurralou-o e, depois de ser detido pela polícia, leu uma declaração na qual responsabilizava Gandhi pelo sofrimento do povo hindu e garantia ter agido sozinho, embora mais tarde sete outras pessoas tenham sido detidas, acusadas de estarem relacionadas com o crime. A 8 de Novembro de 1949, Nathuram Godse foi condenado a morrer na forca.

Em cima, um retrato de Mahatma Gandhi captado em Londres no ano 1931.

Busto de Calígula

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Calígula, a conspiração contra o imperador

Caio Júlio César Germânico governou o Império Romano desde 37 d.C. até Janeiro de 41 d.C., data em que foi assassinado, vítima de uma conspiração. Calígula acompanhou desde tenra idade o seu pai, Germânico Júlio César, nas campanhas militares por este empreendidas na Germânia. E calçava as típicas sandálias dos legionários, daí a sua alcunha, Calígula, que significa “botinhas”. O imperador Tibério exprimiu o desejo de Calígula e o seu neto Tibério Gemelo governarem conjuntamente, mas isso não fazia parte dos planos de Calígula, que queria ser o único imperador. Depois de se desfazer de Gemelo, Calígula tomou as rédeas do império. No ano 37 d.C., o imperador ficou gravemente doente e, embora não exista consenso sobre o mal que o afligiu, as consequências foram devastadoras para Roma. Daí em diante, o seu comportamento tornou-se autoritário e até despótico, mostrando claros indícios de demência. Entre outras coisas, diz-se que tencionava nomear cônsul o seu cavalo, Incitato, e que montou um prostíbulo no palácio, onde tinha relações sexuais com as esposas e as filhas dos senadores. Aparentemente, também teve relações incestuosas com as suas irmãs e até as obrigou a prostituírem-se. Por fim, após escapar a várias conspirações fracassadas, Calígula foi assassinado pela própria guarda pretoriana, liderada por Cássio Quereia, que anos antes o fizera ascender ao trono imperial.

Na imagem, o busto de Calígula exposto no Ny Carlsberg Glyptotek, em Copenhaga.

Indira Gandhi

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Indira Gandhi, a primeira-ministra assassinada pelos seus guarda-costas

A explicação do magnicídio da primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, em 1984, tem um fundo simultaneamente religioso e político. Apesar do seu nome, Indira Gandhi, que foi a primeira mulher a ser primeira-ministra do sub-continente, não tinha qualquer parentesco com Gandhi. Na verdade, adoptou o apelido do seu marido, o jornalista e político Feroze Gandhi, o qual também não era parente do mahatma. Eleita primeira-ministra após a morte súbita do primeiro-ministro anterior, Lal Bahadur Shastri, Indira Gandhi, foi subestimada e considerada uma pessoa débil e inofensiva pelos seus rivais pelo simples facto de ser mulher. No entanto, nada estava mais longe da verdade. Pouco depois de assumir o cargo, Indira Gandhi, que fora nomeada primeira-ministra apenas uma semana após o início da guerra com o Paquistão, foi apelidada de “irracional e irresponsável” pelo presidente dos EUA Richard Nixon e pelo secretário de Estado Henry Kissinger por ter enviado as suas tropas contra o inimigo, embora tenha obtido uma vitória esmagadora. Embora muitos tenham reprovado o seu autoritarismo, a maioria da população apoiava-a por ter promovido extensos programas sociais. No entanto, já há algum tempo que as tensões com os sikhs eram cada vez maiores. Em Julho de 1982, o líder desta seita religiosa, Jarnail Singh Bhindranwale, lançou uma campanha para criar um estado sikh independente no Punjab. E no dia 6 de Junho de 1984, deu-se o acontecimento que acabaria por condenar a primeira-ministra à morte. Naquele dia, Indira Gandhi ordenou o início da Operação Estrela Azul, cujo objectivo era por fim às pretensões sikh. O exército indiano atacou o Templo Dourado Harmandir Sahibo, o lugar mais sagrado dos sikhs, na cidade de Amritsar. O ataque provocou a morte de cerca de 600 pessoas, incluindo a do seu líder. A indignação causada por este acontecimento materializou-se no assassinato da primeira-ministra a 31 de Outubro de 1984, quando recebeu 31 tiros, desferidos por dois dos seus guarda-costas sikhs, Beant Singh e Satwant Singh, na sua residência em Nova Deli. Gandhi foi imediatamente transportada para o hospital, onde os médicos tentaram, sem sucesso, salvar-lhe a vida. Indira Gandhi não conseguiu recuperar dos terríveis ferimentos e morreu passadas poucas horas. Os dois assassinos renderam-se de imediato: Beant Singh foi morto e Satwant Singh foi detido e, posteriormente, julgado e condenado à morte.

Em cima, retrato de Indira Gandhi captado em 1967.

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O inesperado final de Sissi

Luigi Lucheni era um anarquista de origem italiana radicado na cidade suíça de Genebra e, como revolucionário que era, acreditava que a sociedade deveria ser formada por cidadãos livres e iguais, sem patrões nem trabalhadores, sem reis nem súbditos, e tinha a convicção de que este ideal deveria impor-se, nem que fosse pela força do sangue. O plano de Lucheni era simples: assassinar o pretendente ao trono de França, o príncipe Henrique Felipe de Orleães, quando este chegasse a Genebra. No entanto, a sorte favoreceu o príncipe, levando-o a mudar de planos, e a fatalidade atravessou o caminho da imperatriz Isabel da Áustria, mais conhecida como Sissi. Aos 60 anos, a imperatriz estava a passear, como sempre sem escolta (insistia em sair sem protecção), acompanhada apenas pela sua amiga, a condessa húngara Irma Sztaray. No dia 10 de Setembro de 1898, os caminhos de Lucheni e Sissi cruzaram-se quando a imperatriz se dirigiu ao ferry que deveria transportá-la até Montreux. Ali, tropeçou casualmente num passageiro, que era o próprio Luigi Lucheni, e, nesse instante, sentiu uma forte picada nas costas. Pensou que a dor se devia ao impacto, mas, na verdade, Lucheni cravara-lhe um estilete muito fino perto do coração, que provocaria a morte de Sissi nesse mesmo dia.

Na imagem, retrato de Sissi pintado pelo artista Franz Xavier Winterhalter no ano 1865. Museu de História da Arte, Viena.

Martin Luther King

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A morte de Martin Luther King

O reverendo baptista Martin Luther King foi o representante e líder mais visível do movimento pelos direitos civis desde 1955 até ao dia do seu assassinato, em 1968. A sua liderança foi fundamental para pôr fim à segregação infligida aos afro-americanos, tanto nos estados do Sul como em qualquer outro recanto dos Estados Unidos da América. No entanto, Martin Luther King, que fora galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 1964, não viveria tempo suficiente para transformar a sua visão em realidade. No dia 4 de Abril de 1968, enquanto se encontrava na varanda do Motel Lorraine de Memphis, King foi assassinado com um tiro na garganta, por James Earl Ray, um delinquente de pouca importância que escapara de uma prisão de alta segurança no ano anterior. Após a sua detenção em Londres, para onde escapou após o crime, Ray foi acusado e condenado pelo assassinato de Martin Luther King, sendo sentenciado a 99 anos de prisão, a 10 de Março de 1969. Os motivos alegados no caso foram o racismo e o ódio contra a pessoa do reverendo King. Após permanecer três dias na prisão, Ray afirmou que lhe tinham montado uma armadilha e que, na verdade, não era o culpado pela morte de Martin Luther King. James Earl Ray passou o resto da sua vida atrás das grades, lutando, infrutiferamente, por um novo julgamento. Contou com o apoio de alguns membros da família King e do reverendo Jesse Jackson, que não acreditavam que Ray estivesse envolvido no homicídio.

Em cima, uma imagem de Martin Luther King enquanto esteve preso em Jefferson em 1967.

Família imperial russa

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O assassinato do czar Nicolau II e da sua família

Após passarem muitos meses fechados na casa Ipatiev, em Ecaterimburgo, propriedade de um comerciante local, o czar Nicolau II e a sua família foram obrigados a descer à cave na madrugada de 16 para 17 de Julho de 1918 sob o pretexto de serem fotografados. Uma vez ali, foram postos em fila e alvejados à queima-roupa. A primeira vítima foi o czar, seguido pela sua esposa, a czarina Alexandra Fiodorovna. Depois de assistirem, horrorizados à morte dos pais, o seu filho Alexei e as suas quatro filhas, Olga, Tatiana, Maria e Anastácia, foram fuzilados. Contudo, nem todos morreram imediatamente e, sob ordens de Yakov Yurovski, um dos revolucionários, os sobreviventes foram eliminados com golpes de baioneta. Após o massacre, os carrascos retiraram os onze corpos da casa e colocaram-nos num camião. No entanto, não foi fácil desfazerem-se deles. Os investigadores crêem que, primeiro deixaram-nos em Ganina Yama, uma mina pouco profunda que os bolcheviques tentaram abrir com granadas, sem sucesso. Quando tentaram trasladá-los para outro local, o camião ficou atolado na lama. Foi nessa altura que retiraram dois dos corpos, crê-se que os de Alexei e Maria, desfazendo-se deles na floresta. Os outros nove cadáveres foram regados com ácido e incendiados e os seus restos foram enterrados numa vala. Muito tempo depois, em 1979, dois detectives amadores localizaram os restos nos arredores de Ecaterimburgo, mas a descoberta foi mantida em segredo até 1989. Em 1998, os restos mortais dos membros assassinados da família Romanov foram sepultados numa enorme cerimónia celebrada na catedral de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo, o sepulcro tradicional dos czares de Rússia.

Fotografia da família imperial russa. Da esquerda para a direita, Olga, Maria, Nicolau II, Alexandra, Anastácia, Alexei e Tatiana.

Dian Fossey

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O assassinato de Dian Fossey, a defensora dos gorilas

Defensora dos gorilas de montanha, a primatóloga Dian Fossey dedicou a sua vida a estudar estes animais e protegê-los da caça indiscriminada. Fez um trabalho impressionante que mudaria para sempre a forma como vemos estas criaturas. No entanto, tudo acabou da forma mais cruel possível. No dia 26 de Dezembro de 1985, Fossey foi assassinada na sua cabana com um panga, um machete que a própria tinha pendurado na parede de sua casa. Apesar de ser recordada pelos seus estudos científicos e pela sua defesa a todo o custo destes grandes símios, a sua morte brutal continua a ser um mistério passados 38 anos. Acabada de chegar ao Ruanda, Fossey conquistou imediatamente a inimizade dos caçadores furtivos, que sentiram ameaçado o seu “próspero” negócio de caça e morte de animais selvagens, entre os quais se incluíam, com destaque, os gorilas de montanha. A morte de Digit, um jovem macho que Fossey acompanhava desde bebé, foi um ponto de viragem na vida da primatóloga. Uma semana antes do assassinato de Fossey, o Gabinete de Turismo do Ruanda recusou a renovação do seu passaporte, mas graças ao amigo que era secretário de Estado da imigração, Fossey conseguiu que o renovassem por mais dois anos. Sem o saber, aquele favor iria ser a sua sentença de morte. Mas quem esteve por trás deste crime atroz? Descartada a possibilidade de roubo como motivo do crime, foram detidos todos os trabalhadores da fundação, incluindo um batedor que fora despedido dias antes e que veio a suicidar-se na prisão. Entre as pessoas apontadas como responsáveis pelo seu homicídio figura um homem conhecido como “Senhor Z”, acusado de instigar e participar no brutal genocídio ruandês, e Protais Ziriganyirago, cunhado do então presidente do Ruanda, Juvenal Habyarimana, e chefe da máfia dos caçadores furtivos. O legado de Dian Fossey permanece vivo, embora os gorilas de montanha continuem, infelizmente, em vias de extinção.

Em cima, imagem de Dian Fossey assinando exemplares do seu livro “Gorilas na Bruma”.

Víctor Jara

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O assassinato do cantautor chileno Víctor Jara

O músico Víctor Jara foi um firme defensor da Unidade Popular, uma coligação política chilena de esquerda. E fê-lo da forma que melhor sabia: tocando guitarra. Com efeito, Víctor Jara transformou-se numa referência internacional da canção de protesto, embora nunca se tenha identificado minimamente com essa definição. "Te recuerdo Amanda", "El derecho a vivir en paz" ou "Deja la vida volar" são apenas algumas das suas composições mais famosas, obras simples e imperecíveis, que a passagem do tempo acabou por consolidar. Um dia depois do golpe de estado perpetrado pelo general Augusto Pinochet, 12 de Setembro de 1973, Jara foi detido na Universidade Técnica do Estado (UTE) e trasladado para o Estádio Chile, que fora convertido num campo de detenção improvisado. Ali, foi identificado por um oficial que, sem pronunciar uma palavra, começou a dar-lhe pontapés no meio de uma torrente de insultos. Na noite de 15 de Setembro, Víctor Jara foi arrastado até às caves do estádio, onde foi brutalmente espancado. Alguns testemunhos asseguram que chegaram a amputar-lhe os dedos das mãos (algo que foi desmentido pelo historiador Mario Amorós no seu livro La vida es eterna) e que, antes de ser crivado de balas (foram encontrados 44 projécteis no seu corpo), jogaram com o cantautor à roleta russa. O corpo de Víctor Jara foi descoberto três dias após o seu assassinato por umas habitantes da povoação de Santa Olga, junto ao Cemitério Metropolitano. As mulheres reportaram rapidamente a macabra descoberta. O corpo sem vida do músico foi trasladado para a morgue, onde um trabalhador o reconheceu e conseguiu avisar a sua esposa, a bailarina e activista política britânica Joan Turner, para que pudesse enterrá-lo com dignidade.

Na fotografia, o cantautor chileno Víctor Jara durante uma actuação em Helsínquia, em 1969, numa manifestação contra a guerra do Vietname.

Federico García Lorca

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Federico García Lorca, o poeta fuzilado

Federico García Lorca é considerado um dos poetas espanhóis mais brilhantes do século XX. A sua obra obteve um grande reconhecimento ainda na sua época. No entanto, o eclodir da Guerra Civil Espanhola, em 1936 e, aparentemente, uma vingança de família viriam a pôr fim à vida do poeta, que morreu fuzilado (com efeito, investigações realizadas em 2006 parecem indicar que as famílias Roldán e Alba estiveram envolvidas na morte de García Lorca, devido a uma antiga disputa com o pai do poeta sobre a divisão de umas terras compradas a meias). Após uma estadia em Buenos Aires, Lorca regressou a Espanha em 1934, onde a situação política começava a ser insustentável e se respirava um clima pré-bélico que pronunciava o eclodir da iminente guerra civil. Embora o mundo inteiro admirasse Lorca como “o Homero espanhol”, as críticas contra ele recrudesciam no contexto da tensão anterior ao conflito e, embora tenha resistido à pressão dos seus amigos para se filiar no Partido Comunista, Lorca seria criticado pela sua amizade com personalidades assumidamente socialistas, como a actriz Margarita Xirgu. A popularidade de García Lorca e as suas diversas declarações contra a injustiça social transformaram-no numa personagem incómoda. Por conseguinte, apesar do perigo do contexto e depois de rejeitar a protecção que lhe fora oferecida pelo México e pela Colômbia, Lorca preferiu regressar à sua Granada natal com a família, pois a situação em Madrid era já bastante complicada. Chegou a considerar a possibilidade de procurar refúgio junto do Partido Republicano ou em casa de um amigo, o músico Manuel de Falla. Por fim, o poeta decidiu refugiar-se em casa dos pais do seu amigo Luis Rosales, onde, no dia 16 de Agosto de 1936, foi detido por Ramón Ruiz Alonso, um ex-deputado da CEDA (Confederação Espanhola de Direitas Autónomas). O poeta foi levado para a localidade de Víznar e, dois dias depois, na madrugada de 18 de Agosto de 1936, foi fuzilado no barranco de Víznar, a poucos quilómetros da capital granadina, num sítio conhecido como “estrada da morte”. O seu corpo, jamais recuperado, descansa numa vala comum anónima, possivelmente perto do local onde foi assassinado.

Em cima, a última fotografia conhecida de Federico García Lorca com Manuela Arniches, no terraço do café Chiki Kutz, no Paseo de Recoletos, 29, em Madrid, em Julho de 1936.

John Lennon e Yoko Ono

GTRES

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John Lennon, o fim de um mito

Mark David Chapman chegara a Nova Iorque em Outubro de 1980 com um objectivo claro: matar John Lennon, um dos músicos mais famosos e influentes do mundo e ex-membro dos Beatles. Transportava consigo uma pequena mala, na qual tinha alguns discos da banda e de John Lennon a solo, um exemplar do livro The Catcher in the Rye, de J. D. Salinger, e um revólver de calibre 38 especial e várias balas ocas, concebidas especialmente para dilacerar os músculos, ossos e artérias da vítima. Às 17h00 do fatídico dia 8 de Dezembro, John Lennon e Yoko Ono saíram do edifício Dakota, em Nova Iorque, em direcção aos estúdios de gravação para trabalhar na canção de Yoko, Walkin on Thin Ice. Assim que saíram do edifício, foram abordados por Chapman, que pediu a Lennon que lhe autografasse a capa de Double Fantasy, o sétimo e último álbum de Lennon. Até aqui, tudo parecia normal. Chapman esperou que Lennon e Ono regressassem a casa e foi então que alvejou o ex-Beattle, dando-lhe cinco tiros pelas costas, quatro dos quais atingiram Lennon, causando a sua morte imediata. O que levou Mark Chapman a cometer aquele terrível homicídio? Segundo Chapman, “assassinei-o porque era muito, muito, muito famoso, e essa é a única razão, porque eu queria muito, muito, muito alcançar a glória. Fui muito egoísta. Quero acrescentar isso e enfatizá-lo profundamente. Foi um acto extremamente egoísta. Sinto muito pela dor que lhe causei”, disse Chapman, referindo-se a Yoko Ono. Ainda hoje, e apesar de já ter cumprido a sua sentença, Mark Chapman permanece no Centro de Correcção de Attica, no estado de Nova Iorque. Foi-lhe recusada a liberdade condicional em doze ocasiões.

Na fotografia, John Lennon e Yoko Ono durante uma sessão fotográfica.

Stephen Biko

(CC BY SA 4 0)

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Stephen Biko, a morte de um incansável lutador contra o apartheid

Stephen Biko foi um fervoroso activista e opositor do apartheid, fundador do Movimento Consciência Negra. Elevado à categoria de mártir após o seu assassinato na prisão, a 12 de Setembro de 1977, o seu assassinato revelar-se-ia essencial para o início de uma nova etapa política na África do Sul. Na segunda-feira, dia 12 de Setembro de 1977, a prisão de Port Elizabeth, na África do Sul, tornou-se o destino final do líder do Movimento Consciência Negra. Stephen Biko fora detido na noite de 18 de Agosto de 1977, quando regressava de um comício, e já passara 101 dias em confinamento solitário em 1976, mas aquela detenção seria a sua última. A 11 de Setembro, depois de permanecer 50 dias detido (segundo a legislação sul-africana, a detenção poderia prolongar-se por tempo indefinido), Biko, que se recusou a manter-se em pé na sua cela, foi brutalmente espancado pelos agentes Harold Snyman e Gideon Nieuwoudt, entre outros, na sala 619 do Edifício Sanlam, um sítio que, visto de fora, parece um inofensivo edifício de escritórios. Biko entrou num estado de semi-inconsciência do qual já não despertou. Devido àquele terrível castigo, Stephen Biko sofreu lesões muito graves no crânio e uma hemorragia interna incontrolável. Apesar das recomendações para que não o deslocassem, foi transportado, em condições penosas, para um hospital-prisão em Pretória, onde acabaria por falecer, vítima dos seus ferimentos.

Em cima, um retrato de Stephen Biko realizado por um autor desconhecido.