Os seus filhos provavelmente já sabem que o Tyrannosaurus rex conseguia engolir 45 quilos de carne de uma só vez, ou que o Brachiosaurus conseguia chegar às janelas de um edifício de quatro andares. Mas com cerca de 700 espécies descritas até agora, há muita coisa que as crianças não sabem – e muita coisa que as vai surpreender.
Steve Brusatte, paleontólogo e Explorador da National Geographic, ficou apaixonado por dinossauros ainda em criança, quando percebeu que as descobertas reais sobre dinossauros contradiziam o que ele tinha lido em livros desactualizados. “Os dinossauros que eles estavam a encontrar e a descrever naquela época eram muito diferentes dos dinossauros que estavam em todos os livros antigos na biblioteca”, diz Steve Brusatte. “E continuamos a descobrir mais informações neste momento.”
Mostre às crianças que há sempre mais para aprender, revelando estes 10 segredos surpreendentes sobre dinossauros – e aproveite para passar a imagem de que é um génio.
Os bebés tiranossauros provavelmente eram adoráveis.
As crias de T. Rex provavelmente tinham uma camada adorável de penas. Ilustração R. Peterson / © AMNH.
As crianças podem saber que o rei dos dinossauros viveu onde actualmente fica o oeste da América do Norte. Mas qual era a aparência de uma cria de Tyrannosaurus rex? Inesperadamente adorável, de acordo com recriações feitas pelo Museu Americano de História Natural em Nova Iorque.
Pouco maior do que um peru magro e com uma cauda muito longa, um bebé de T. Rex eclodia coberto por uma camada de penas felpudas. Durante a adolescência, este dinossauro engordava mais de dois quilos por dia, e podia atingir os 12 metros de comprimento quando chegava aos 20 anos de idade.
Muitos dos dinossauros adultos também tinham penas.
Esqueça a ideia de que todos os dinossauros estavam cobertos por uma pele escamosa – esse tipo de recriações é o mesmo que desenhar um tigre sem pelo. “Muitos dos dinossauros tinham penas”, diz Steve Brusatte. “Algumas espécies usavam-nas para fins estéticos – ou estendiam os membros para atrair parceiros ou intimidar rivais.”
O Archaeopteryx foi um dos primeiros dinossauros semelhante a uma ave. Ilustração de Franco Tempesta.
O maior dinossauro completamente emplumado de que há conhecimento – um primo do T. rex com nove metros de comprimento chamado Yutyrannus huali – provavelmente usava as suas penas para se manter quente. Mas outras espécies tinham penas para voar. Estes pássaros primitivos foram os únicos dinossauros a sobreviver aos efeitos do impacto do asteroide que extinguiu o resto destes animais há 66 milhões de anos. Lembra-se daquela toutinegra que viu no quintal? Na realidade também é um primo do T. Rex.
Os dinossauros eram coloridos.
A maioria das imagens que as crianças veem de dinossauros retratam-nos como répteis cinzentos ou castanhos. Mas os avanços feitos nas últimas décadas nas técnicas de investigação têm revelado um mundo pré-histórico colorido. Por exemplo, havia um dinossauro do tamanho de um peru chamado Sinosauropteryx que provavelmente tinha uma cauda com listas cor de laranja e branco. E os especialistas acreditam que um dinossauro chamado Caihong juji pode ter ostentado penas coloridas e brilhantes no pescoço e no peito.
O Sinosauropteryx tinha uma cauda listada. Ilustração de StockTreck Images / National Geographic Image Collection.
Para fazer esta descoberta, os cientistas examinaram os restos de uma parte de uma célula que continha melanina, o mesmo pigmento que confere aos humanos a cor do cabelo, dos olhos e da pele. “Nunca pensámos que conseguiríamos descobrir quais eram as cores dos dinossauros”, diz Steve Brusatte.
Bebemos a mesma água que os dinossauros.
A água chegou à Terra há milhares de milhões de anos – talvez sob a forma de gelo nos meteoritos que colidiram com o planeta ainda em formação. As moléculas de água foram depois evaporando, condensando-se em nuvens e entrando desde então num ciclo de precipitação. Isto significa que estamos a beber a mesma água que os dinossauros.
Alguns dinossauros eram minúsculos.
O Microraptor tinha aproximadamente o tamanho de um corvo. Ilustração de Franco Tempesta.
As crianças costumam pensar que todos os dinossauros eram do tamanho de camiões. Mas um dos dinossauros mais pequenos de que há conhecimento, o Microraptor, era pequeno o suficiente para caber nas mãos de um adulto. Pesando menos de um quilo, este carnívoro compacto tinha penas de voo nas patas dianteiras e traseiras, que provavelmente lhe permitiam flutuar de ramo em ramo.
Os dinossauros também tinham ranho.
Será que o seu filho consegue imaginar a ‘ranhoca’ a pingar das narinas gigantes dos dinossauros de pescoço comprido?
Uma doença respiratória que infetou um dinossauro saurópode apelidado Dolly provavelmente terá produzido sintomas como tosse, dificuldades respiratórias, secreções nasais, febre e perda de peso. Woodruff et al. (2022), e Corbin Rainbolt.
Em 2022, os paleontólogos encontraram a primeira evidência de um dinossauro não aviário com uma doença respiratória. Esta descoberta foi feita com base em crescimentos em forma de brócolos nas cavidades dos ossos fossilizados do pescoço do dinossauro, semelhantes aos das aves e répteis da actualidade. “Ter acesso a detalhes como estes aproxima-nos dos dinossauros”, diz Steve Brusatte. “Isto ajuda-nos a olhar para eles não apenas como ossos petrificados, mas como animais reais que viveram.”
Estes répteis gigantes gostavam do aconchego.
Há cerca de 70 milhões de anos, três jovens oviraptorossauros morreram perto uns dos outros, deixando os seus esqueletos fossilizados amontoados. Os paleontólogos sugerem que este pode ser o primeiro exemplo de dinossauros empoleirados juntos – como acontece com os corvos e morcegos da actualidade – para se protegerem ou aquecerem. Um relatório publicado em 2020 teoriza que estes dinossauros chocavam os seus próprios ovos. “Estavam a cuidar dos ovos”, diz Louise Bodt, educadora de biologia e paleontologia no Museu Americano de História Natural. “Isso é algo que, para mim, lhes dá vida.”
Alguns dinossauros gatinhavam como os bebés humanos.
O Mussaurus patagonicus deixava de gatinhar na juventude para passar a andar sobre as patas traseiras na idade adulta. Ilustração de Davide Bonadonna.
Os seres humanos são os únicos animais de que há conhecimento a fazer transição de andar de quatro para dois membros – exceto os dinossauros. De acordo com um artigo publicado em 2019, um dinossauro com perto de meio quilo chamado Mussaurus patagonicus provavelmente gatinhava. À medida que ia crescendo – até pesar mais de uma tonelada – a cauda do Mussaurus patagonicus ficava pesada o suficiente para permitir ao animal equilibrar-se sobre duas patas.
Na época do T. Rex, o Stegosaurus já era um fóssil.
“Algumas pessoas têm um conceito errado onde todos os dinossauros viveram juntos ao mesmo tempo num paraíso tropical pré-histórico”, diz Steve Brusatte. Na realidade, durante cerca de 180 milhões de anos, houve espécies de dinossauros que surgiram e extinguiram em momentos diferentes. “Quando o T. Rex era vivo, todos os brontossauros e estegossauros já eram fósseis debaixo do chão.”
Ainda não descobrimos todos os dinossauros.
“Neste momento, descobrimos em média uma nova espécie de dinossauro uma vez por semana”, diz Steve Brusette. “E estamos a descobrir mais agora do que nunca.” À medida que vão surgindo novas espécies de dinossauros, os cientistas também debatem as ideias pré-concebidas que temos sobre os fósseis nos museus. Por exemplo, o fóssil de T. Rex mais famoso do mundo, conhecido por Sue, não é realmente um T. Rex. “É isso que é tão espectacular na ciência”, diz Louise Bodt. “É o que sabemos até agora, mas está sempre a mudar à medida que vamos obtendo novas evidências.”