Bosque Nublado

Fanal, ilha da Madeira, 6 de Outubro de 2021. Um capuchinho vermelho passeia-se pela floresta, destacando-se do verde-laurissilva e dos tons mais neutros trazidos pelo nevoeiro. É o confronto do homem com a natureza.

Nesta zona, podemos observar parte da remanescente floresta Laurissilva madeirense e que terá coberto toda a ilha apenas algumas centenas de anos atrás. "É uma paisagem sempre verde, já que as suas árvores são de folha persistente e plantas epífitas crescem com grande facilidade face aos níveis de humidade sempre muito elevados nesta zona", lembra Diogo Matias, a quem a névoa inspirou uma fotografia misteriosa. 

A floresta Laurissilva da ilha da Madeira foi nomeada Património Mundial Natural da UNESCO em Dezembro de 1999.

Rapa das Bestas

"Rapa das Bestas" é um ritual ancestral que ainda hoje se mantém na vizinha Galiza. Em Torronha, Vítor Ferreira testemunhou a tradição: "Os garranos selvagens soltos nos montes são recolhidos no curro uma vez por ano, marcados e desparasitados, numa cerimónia que envolve a família e a natureza."

Dançando com as Estrelas

Na noite de 12 de Agosto deste ano, Francisco Pinho chegou à serra da Freita, concelho de Arouca, ao anoitecer. Sabe por experiência que "em noites de céu limpo e ausência da Lua é o local perfeito para fotografar a Via Láctea". Durante um reconhecimento da área, teve em conta a hora e a posição em que o núcleo da galáxia iria surgir no céu. "Escolhi o miradouro São Pedro Velho, inserido no Arouca Geopark que, com uma panorâmica de 360°, contém uma vista imponente sobre toda a região circundante, além de ser um elemento interessante para a composição que imaginava."

Antes deste clique, houve o ajuste das definições da câmara e algumas fotografias de teste. "Usei a abertura f/4 e um ISO 6400 e uma exposição de 15 segundos, o que permitiu evitar o arrasto de estrelas". Deu à fotografia o título de "Dançando com as Estrelas". Um acaso acrescentou uma nova camada à sua visão: "A passagem de um carro na estrada atrás do local onde me encontrava, permitiu também fazer uma interessante pintura de luz no primeiro plano da fotografia."

A deslumbrante estrelinha-real

"Estava a andar com uns amigos por um dos caminhos do Parque Natural do Gerês e comecei a ver uma ave muito pequena e ao mesmo tempo com umas cores que me chamavam muito a atenção. Percebi que era uma estrelinha-real". É assim que Henrique Afonso, autor desta fotografia, descreve à National Geographic Portugal o feliz encontro com uma das das aves menor porte da Europa. Faz sentido. Afinal, o Regulus ignicapillus (o seu nome científico) é mais facilmente localizado a Norte e no Centro do país, sobretudo em bosques e florestas. 

Voltemos então ao local, data e momento do shot: Gerês, 24 de Junho de 2023: "Os meus amigos continuaram a andar, mas eu decidi esperar e fiquei a admirar esta bela ave. Passado um pouco, [esta estrelinha-real] colocou-se mesmo à minha frente, em cima de umas plantas secas, e foi assim que conseguir tirar esta fotografia." O sol estava a pôr-se e, por esse motivo, Henrique conseguiu "fazer uma fotografia sem sombras e sem grandes contrastes". 

Um nascer do sol tardio

No dia 17 de Agosto de 2023, João Felicidade encontrava-se em São Martinho das Amoreiras, Odemira: "Tenho ligações familiares a esta terra", recorda o autor desta fotografia.

Nessa manhã, acordou cedo e foi fotografar após o nascer do sol, mas não teve as "as condições ideais" para a foto perfeita. Ao chegar a casa reparou, porém, "nesta linda hora dourada, na qual a maresia começa a ser vencida pelo sol". Em médio plano, está um dos muitos lagares que existiam na localidade e, em último plano, o sítio de Conqueiros, o núcleo habitacional mais antigo da freguesia de São Martinho das Amoreiras. 

_{Canon EOS R5+EF 24-105mm f/4L IS II USM}

_{Exif: 96 mm, f/11, 1/60seg., ISO 125}

Gaivotas douradas

À tardinha do dia 18 de Julho de 2023, Marco Neves encontrava-se na Lagoa dos Salgados, Albufeira, munido de uma câmara fotográfica. Para quem não sabe, esta lagoa está na ordem do dia na procura da sua classificação como Reserva Natural.

Apesar da proximidade da ocupação antrópica, pelo seu contexto geográfico e natural, esta lagoa é "um local onde, principalmente ao amanhecer e final do dia, a biodiversidade fervilha a cada instante em incríveis manifestações das relações bióticas que aqui possuem um palco excepcional para os fotógrafos e amantes da natureza". Marco, o autor desta fotografia, é um deles e, neste dia, não pôde deixar escapar a oportunidade de fotografar na chamada "hora dourada". O professor acredita que, a esta hora, "muitos procuram a conexão com os seres que aqui habitam na forma de registos fotográficos".  É, nas suas palavras, "a altura do dia por excelência  em que o esplendor das cores do mundo vivo melhor coincide com a azáfama dos ritmos biológicos." Foi o que sucedeu neste registo em que, "apesar do foco inicial estar na observação de aves e mamíferos junto ao solo e vegetação, a travessia de um bando de gaivotas entre a minha lente e um sol poente sereno e acolhedor me desviou a atenção para o eternizar deste momento."

Árvores comunicantes

Para os mais desatentos, esta fotografia pode parecer um shot de Inverno. Porém, foi registada em pleno Verão, mais precisamente a 25 de Julho de 2023. Onde? No Fanal, entre a Ribeira da Janela e o Planalto do Paúl da Serra, concelho de Porto Moniz, na ilha da Madeira. Rui Caires, o seu autor, resume-nos como correu a sua primeira ida ao Fanal: "[Esta é] das primeiras fotos que tirei no local, onde me aventurei numa tarde de nevoeiro como nunca antes tinha presenciado. A condição atmosférica ajudou bastante na composição e na magia da fotografia. Adorei a forma como as árvores se entrelaçam umas nas outras, parecendo que comunicam entre si. Assim que me baixei entre os troncos percebi que a composição era aquela, com o chão e as pedras a darem uma sensação de proximidade com a cena em si" Não tendo tripé consigo, arranjou uma alternativa: "Pus o tempo de exposição o mais baixo que consegui com uma abertura de f/14 para ter o chão e os troncos maiores focados." É um sítio a voltar, conclui Caires.

O voo da garça-vermelha

José Maurício estava em Sesimbra, mais exactamente no Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena, quando avistou esta garça-vermelha (Ardea purpurea), a partir do Abrigo da Lontra. Era dia 6 de Maio de 2023 e não pôde deixar de a fotografar em pleno voo.

Para quem não conhece, a Lagoa Pequena é a maior zona húmida da Península de Setúbal e a sua importância não é de somenos para a circulação e nidificação de aves como a garça-vermelha, o garçote (Ixobrychus minuts), a garça-branca-pequena (Egreta garzetta) e camão (Porphyrio porphyrio).

A garça-vermelha, também conhecida como garça-imperial, pode ser avistada em lagoas, mas também em estuários, canaviais e açudes. É uma espécie classificada "em perigo". 
_{Equipamento usado: Sony A7RIV, lente Sony 200-600G, ISO 400, 600mm, f/6.3, 1/2.500 sec.}