O íbex-da-núbia –Capra nubiana –  vive no limite da sobrevivência, em desertos com pouca vegetação e climas rigorosos. Também vive literalmente à beira de penhascos, com pouco mais do que um pequeno espaço e encostas íngremes como companhia.

Esta topografia vertiginosa ajuda a dissuadir predadores como os leopardos e os lobos. Por exemplo, no Parque Natural de Avdat, em Israel, os cientistas observaram como os íbex-da-núbia deixam as suas crias em penhascos demasiado íngremes para serem alcançados pela maioria dos mamíferos, regressando depois para as alimentar até que as crias se tornem suficientemente ágeis para atravessarem sozinhas as paisagens escapadas.

Os machos desta espécie têm chifres curvados para trás que podem ter mais de um metro de comprimento. Utilizam estas armas impressionantes para se defenderem dos predadores e para competirem com outros machos pelo direito de procriação, tal como foi captado pelo fotógrafo Amit Eshel nesta imagem de dois machos a lutarem frente a frente no deserto de Zin, em Israel. 

Apesar da violência destes encontros e do cenário precário em que lutam, os machos íbex raramente caem e morrem. A agilidade, velocidade e conforto das cabras selvagens com o abismo parecem protegê-las mesmo no calor da batalha.

No entanto, embora a capacidade deste íbex para navegar em terrenos íngremes o possa proteger contra predadores naturais e machos rivais, tem-se revelado pouco consoladora contra a invasão humana.

Antigas gravuras rupestres e restos de esqueletos sugerem que o íbex-da-núbia habitou em tempos as montanhas do nordeste de África e do Médio Oriente. Actualmente, apenas cerca de 5.000 indivíduos se agarram à vida em populações fragmentadas espalhadas pelo Egipto, pela Península do Sinai e pela Península Arábica. As populações mais saudáveis encontram-se em Israel, embora parte da razão do seu sucesso seja o facto de os leopardos-árabes (Panthera pardus nimr), uma subespécie criticamente ameaçada que outrora se alimentava de cabras montesas, terem sido exterminados em grande parte do país.

Finalista na categoria Vida Selvagem Terrestre do concurso de fotografia de natureza BigPicture 2023, organizado pela Academia de Ciências da Califórnia.