Se fizer uma pesquisa rápida sobre quais as espécies de répteis presentes no arquipélago da Madeira, talvez encontre informação contraditória, mas a explicação pode afinal ser razoavelmente simples: além da osga-comum introduzida ali há alguns anos, algumas fontes referem a lagartixa da Madeira como a única espécie presente. Outras mencionam a extraordinariamente rara osga das Selvagens. É verdade que ambas existem e são ambas endémicas, e portanto a explicação deve-se ao facto de alguns autores considerarem que as Selvagens constituem um arquipélago distinto. 

Sem entrar neste debate biogeográfico, o facto é que a osga, apesar de belíssima, é dificílima de observar, mas torna-se quase impossível viajar à Madeira e não ver a lagartixa. A lagartixa da Madeira é um lacertídeo de pequena dimensão que pode ser observado em todo o arquipélago da Madeira e em várias ilhas dos Açores. Há zonas onde este réptil, que pode medir mais de 20 centímetros, está presente em manchas muito consideráveis. Pode observá-la em qualquer ecossistema das ilhas – das florestas às zonas mais áridas, ou mesmo junto do mar e em áreas urbanas. 

Teira dugesii é o seu nome científico, pois a espécie é conhecida desde o século XIX. Os naturalistas que a descreveram homenagearam então o médico Antoine Louis Dugès pelo seu contributo notável para a sistematização da taxinomia internacional. Alheia a essa curiosidade, a lagartixa endémica da Madeira prospera, tendo chegado também ao arquipélago dos Açores provavelmente na carga transportada por navios que ali aportaram. 

Esta lagartixa, que evoluiu com pouca pressão de predadores, é destemida e pode ser observada bem de perto. Em alguns locais e perante alimento disponível, pode vir comer à mão. Em jardins e esplanadas soalheiras, o viajante pode socializar com facilidade com estes pequenos animais.

Para a comunidade científica, a classificação destes répteis não é simples. Alguns autores argumentam que existem subespécies distintas em diversas ilhas dos arquipélagos portugueses, sendo os animais mais divergentes a população das ilhas Desertas (Teira dugesii mauli). Seja qual for o enquadramento taxinómico, estas criaturas podem ter tonalidades e aparências ligeiramente distintas de local para local. 

As fêmeas desta espécie têm padrões e cores mais pardacentas, acastanhadas. Os machos podem assumir tons escuros, dos cinzentos a matizes esverdeadas. Algumas escamas com determinadas incidências de luz podem reproduzir tons azuis, verdes e magenta.