Ases pelos ares

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Texto de Mollie Bloudoff-Indelicato

 

 

Os albatrozes conseguem dar a volta ao mundo em apenas 46 dias, mas como o conseguem? Parte da resposta é morfológica: eles são das maiores aves voadoras, chegam a pesar 11 quilogramas e têm envergadura de asa de 3,5 metros. Para erguer estes corpos pesados do chão, porém, é necessária muita energia. Se os albatrozes voassem batendo simplesmente as asas perderiam cerca de metade da sua massa corporal para conseguir energia suficiente para os seus voos globais.

O seu segredo é a planagem num padrão de voo específico que lhes permite aproveitar a energia do vento, deslizando pouco acima da superfície do mar para se manterem no ar, de acordo com um estudo publicado no “Journal of Experimental Biology”. Uma equipa de engenheiros aerospaciais da Universidade Técnica de Munique revelou os padrões de voo únicos desta ave, um feito físico que intriga os biólogos há anos. Ao acoplarem aparelhos GPS a 20 albatrozes-gigantes (Diomedea exulans), os investigadores conseguiram analisar dados de 16 das aves que partiram e regressaramao arquipélago Kerguelen, no oceano Índico.

Os albatrozes sobem e descem aproveitando a energia gerada ao planarem para descer, utilizando-a de forma a subir novamente contra o vento. Estas constantes mudanças de altitude mantêm as aves no ar sem lhes exigir muito esforço. De facto, a força propulsora gerada por estas ondulações é cerca de dez vezes superior à que o albatroz conseguiria produzir com o simples batimento de asas.