Se lhe perguntassem o que é o Trópico de Capricórnio, a sua tentação seria provavelmente descrevê-lo geograficamente: uma linha imaginária abaixo do equador. Porém, o Trópico de Capricórnio tem conotações noutras áreas, como o clima e a cultura.

O Trópico de Capricórnio é assim identificado como uma linha curva fechada que se encontra abaixo e paralela ao equador. Situa-se, mais precisamente, a 23º 26' 17'' a Sul dessa linha central e caracteriza-se pelo facto de, durante o solstício de Inverno (entre 21 e 22 de Dezembro de cada ano), os raios solares incidirem verticalmente sobre o solo.

A ORIGEM DOS TRÓPICOS

O nome trópico deriva directamente do termo grego τροπικός, que significa "virar". Na antiguidade, quando os trópicos foram mencionados pela primeira vez, na altura do solstício, o Sol aparecia visualmente no início da constelação de Capricórnio, o que também o tornava directamente relacionado com o nome dos trópicos. No entanto, com o passar do tempo e o movimento de precessão da Terra (uma variação de 1 grau a cada 75 anos), o Sol já não se encontra nesta constelação quando atinge o seu zénite no hemisfério Sul, estando agora localizado na constelação de Sagitário. No entanto, o nome foi mantido de forma tradicional, permanecendo inalterado até aos dias de hoje.

POR QUE PAÍSES PASSA?

O grupo de países pelos quais o Trópico de Capricórnio passa é limitado, pois a lista inclui apenas 12 dos quase 200 países do mundo. São eles o Brasil, o Paraguai, a Argentina, o Chile, a Polinésia Francesa, Tonga, as Ilhas do Mar de Coral (Austrália), Madagáscar, Moçambique, África do Sul, Botswana e Namíbia.
No entanto, se procurarmos os países abaixo dos trópicos, verificamos que apenas quatro países no mundo cumprem este requisito: Lesoto, Nova Zelândia, Suazilândia e Uruguai. Para compreender este curioso e pequeno número, devemos ter em conta que a grande maioria do território habitável do planeta Terra se encontra no hemisfério Norte, pelo que parece normal que existam poucas regiões que permaneçam inteiramente tão a Sul.

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THESEVENSEAS (TALK)

Mapa-mundo atravessado pelo Trópico de Capricórnio, representado pela linha vermelha.

O TRÓPICO E O SOLSTÍCIO

Uma das principais razões para a existência do Trópico de Capricórnio é o solstício de Dezembro, que ocorre entre os dias 21 e 22 de Dezembro. Trata-se de uma altura que marca a mudança de estação e na qual o Sol atinge a sua maior altura aparente no céu. Precisamente nas zonas do hemisfério Sul que se encontram à mesma latitude dos trópicos, representará uma altura em que os raios incidem verticalmente na superfície, formando um ângulo de 90°.
Para entender melhor, podemos imaginar que o Sol é como uma lâmpada pendurada sobre a Terra. O Trópico de Capricórnio representaria a linha sobre a qual a luz da lâmpada incide perpendicularmente ao longo de uma rotação da Terra. Assim, o Trópico de Capricórnio representaria a latitude limite em que o Sol pode atingir o seu zénite, ou seja, o seu ponto mais alto. Para além dessa linha, por exemplo no Uruguai ou na Nova Zelândia, o Sol nunca poderá atingir essa posição.

FRONTEIRA CLIMÁTICA

Para além de ser um marcador solar, o Trópico de Capricórnio tem também a função de servir de fronteira entre diferentes zonas climáticas. Especificamente, a linha de latitude que define o trópico representa uma referência imaginária que marca o limite inferior da zona tropical, ou seja, a "zona quente" do planeta. Esta região encontra-se (orientada) entre os dois trópicos, em torno do equador, e caracteriza-se por temperaturas elevadas, humidade elevada, precipitação abundante e estações bem definidas, com períodos de chuva e de seca.

Abaixo dos trópicos, seria identificada a zona climática temperada meridional do planeta, que se estenderia até ao Círculo Polar Antártico e se caracterizaria por temperaturas e clima moderados. No entanto, neste caso, e excluindo os quatro países a sul dos trópicos, englobaria maioritariamente zonas oceânicas.