Também conhecida como escala de magnitude local, a escala de Richter foi concebida para determinar as forças envolvidas num sismo com uma magnitude entre 2,0 e 6,9 – a magnitude do sismo que abalou Marrocos na sexta-feira foi de 6,8, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos – e que ocorra nos primeiros 400 quilómetros de profundidade, mas é bem possível que, mesmo que o sinta, não compreenda totalmente a que se refere.
Para esclarecer esta questão, lembramos que a escala sismológica de Richter é uma escala logarítmica utilizada para quantificar a energia libertada por um sismo. Foi criada pelo sismólogo Charles Francis Richter juntamente com o sismólogo germano-americano Beno Gutenberg em 1935.
A CHAVE DA ESCALA de RICHTER DOS SISMOS
Um dos aspectos mais importantes a ter em conta nesta escala é precisamente a forma como é adjectivada. Ao contrário das escalas lineares, em que cada grandeza tem o mesmo comprimento que a anterior (ou seja, representa o mesmo valor), nas escalas logarítmicas cada grandeza sucessiva tem um valor muito superior à grandeza anterior, que no caso da escala de Richter é 100. Por outras palavras, se tivermos dois sismos com uma magnitude de 3 e 6 respectivamente, a energia libertada pelo segundo sismo não será o dobro da do primeiro, mas sim 1.000.000 de vezes superior.
CONCEBIDA PARA MEDIR PEQUENOS SISMOS
De facto, a escala de Richter foi concebida para medir sismos relativamente fracos, entre magnitudes de 2,0 e 6,9. Além disso, outro problema desta escala é que é difícil relacioná-la com as características físicas da origem do sismo, pelo que, no início do século XXI, muitos sismólogos consideraram-na obsoleta e substituíram-na por uma escala mais adequada, conhecida como escala sismológica de magnitude de momento.
A escala sismológica de magnitude de momento baseia-se na medição da energia total libertada num terramoto. Foi introduzida em 1979 por Thomas C. Hanks e Hiroo Kanamori como sucessora da escala sismológica de Richter e tem a vantagem de corresponder e manter os parâmetros da escala sismológica de Richter, mas, ao contrário da sua antecessora, é utilizada para ponderar a energia libertada em sismos de magnitude superior a 6,9.
O maior terramoto da história foi o que ocorreu a 22 de Maio de 1960 na cidade de Valdivia, no Chile, que atingiu uma magnitude de 9,6 na altura. Apesar de sabermos que este é o maior sismo alguma vez ocorrido na Terra, um número como este pode ainda não nos dizer nada, por isso aqui fica uma tabela que descreve os efeitos típicos de sismos de várias magnitudes.
Vale a pena lembrar ainda que as escalas de Richter e de magnitude momentânea coincidem até valores de 6,9, e também ter em conta que estes valores devem ser tomados com extrema cautela, uma vez que os possíveis efeitos de um sismo não dependem exclusivamente da sua magnitude, mas também de outros parâmetros como a distância do epicentro, a profundidade a que ocorre e as condições geológicas do local.
- Magnitude inferior a 2: micro-sismos. Não são perceptíveis. Ocorrem cerca de 8.000 por dia.
- Magnitude 2.0 - 2.9: sismos menores. Geralmente não são perceptíveis. Ocorrem cerca de 1.000 por dia.
- Magnitude 3.0 - 3.9: sismos menores. Muitas vezes perceptíveis; raramente causam danos. Registam-se 49.000 por ano.
- Magnitude 4.0 - 4.9: sismos ligeiros. Provocam o movimento de objectos nas habitações, mas raramente causam danos. São produzidos 6.200 por ano.
- Magnitude 5.0 - 5.9: sismos moderados. Podem causar danos importantes em edifícios fracos ou mal construídos. Danos ligeiros em edifícios bem concebidos. Ocorrem 800 por ano.
- Magnitude 6.0 - 6.9: sismos fortes. Podem destruir zonas povoadas até 160 quilómetros de distância. Registam-se 120 por ano.
- Magnitude 7.0 - 7.9: Grandes sismos. Podem causar danos graves em grandes áreas. Registam-se 18 por ano.
- Magnitude 8.0 - 8.9: Sismos épicos ou catastróficos. Podem causar danos graves em áreas de várias centenas de quilómetros. Ocorrem um a três por ano.
- Magnitude 9.0 - 9.9: Sismos épicos ou catastróficos. Devastadores, podem afectar áreas de milhares de quilómetros. Ocorrem entre um e dois em cada 20 anos.
- Magnitude superior a 10: Sismos apocalípticos ou lendários. Nunca registados na história da Terra. Estimado para a colisão de um meteorito rochoso com dois quilómetros de diâmetro que atingisse o nosso planeta a 25.000 quilómetros por hora.
- Magnitude 12: Provocaria a fractura da Terra no seu centro.
- Magnitude 13: Equivalente à energia libertada pelo meteorito que dizimou os dinossauros.
- Magnitude 25: Equivalente ao impacto do Tea na Terra, o hipotético planetoide que provocou a formação da Lua.
- Magnitude 32: Terramoto semelhante aos que ocorrem na superfície solar.