A Real Academia das Ciências da Suécia atribuiu o Prémio Nobel da Física de 2023 a Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L'Huillier pela importante contribuição dos três cientistas para o estudo da dinâmica dos electrões.
Depois de um primeiro prémio na disciplina de Medicina, hoje, terça-feira, 3 de Outubro, às 10h45, foi tornado público o veredicto sobre o reconhecimento também recebido por mentes brilhantes como Marie Curie (1903), Guglielmo Marconi (1909) ou Albert Einstein (1921), entre outros. Nesta ocasião, os três laureados foram distinguidos pelas suas investigações que forneceram pistas fundamentais para explorar o mundo dos electrões no interior dos átomos e das moléculas.
Segundo o comunicado de imprensa da Academia Real das Ciências da Suécia, estes cientistas demonstraram "uma forma de criar pulsos de luz extremamente curtos [medidos em attossegundos] que podem ser utilizados para medir os processos rápidos em que os electrões se movem ou mudam de energia." Estes pulsos podem ser utilizados para "fornecer imagens de processos dentro de átomos e moléculas."
O QUE CADA LAUREADO ACRESCENTOU AO QUE JÁ SE SABIA?
Em 1987, a física francesa Anne L'Huillier descobriu que quando a luz laser infravermelha era transmitida por meio de um gás nobre surgiam muitos tons diferentes de luz. Depois disso, a cientista continuou a explorar o fenómeno, preparando o terreno para descobertas posteriores. Professora de Física Atómica na Universidade de Lund, na Suécia, L'Huillier já reagiu a este reconhecimento, em conferência de imprensa, nesta manhã: "Este é o mais prestigiado [prémio a que se pode aspirar] e estou muito feliz por recebê-lo. É incrível". A quinta mulher a ganhar um Prémio Nobel de Física, a seguir a Marie Curie (1903), Maria Goeppert-Mayer (1963), Donna Strickland (2018) e Andrea Ghez (2020), lembrou isso mesmo: "Não há muitas mulheres que tenham recebido este prémio" e também por isso esta distinção é ainda mais "especial".
Já o franco-americano Pierre Agostini conseguiu em 2001 produzir e investigar uma série de pulsos de luz consecutivos, em que cada pulso durava apenas 250 attosegundos, inventando com a sua equipa o chamado RABBIT, ou seja, a reconstrução de batimentos de attossegundos por interferência de transições de dois fotões. Pela mesma altura, um experimento científico do húngaro Ferenc Krausz possibilitou o isolamento de um único pulso de luz com duração de 650 attosegundos. De acordo com a Academia Real das Ciências da Suécia "os contributos dos laureados permitiram a investigação de processos tão rápidos que antes eram impossíveis de acompanhar."
Já a presidente do Comité do Nobel de Física, Eva Olsson, ressalta o pioneirismo das investigações destes três físicos: "Podemos abrir agora a porta ao mundo dos electrões. A física de attossegundos é uma oportunidade para entender os mecanismos que são governados por electrões. A próxima etapa será utilizá-los". Como? As aplicações deste conhecimento podem ser feitas em várias áreas. Na eletrónica, por exemplo, "é importante entender e controlar como os electrões se comportam num dado material", avança o comunicado da Real Academia das Ciências da Suécia. Os pulsos de attossegundos também podem ser usados para identificar diferentes moléculas, como em diagnósticos médicos.
QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PRÉMIOS NOBEL?
O Prémio Nobel da Física é o segundo de seis prémios atribuídos nesta e na próxima semana.
Veja o calendário das próximas entregas dos prémios Nobel:
- Química, na quarta-feira, 4 de Outubro, às 10h45.
- Literatura, na quinta-feira, 5 de Outubro, às 12h00.
- Paz, sexta-feira, 6 de Outubro, às 10h00.
- Economia, segunda-feira, 9 de Outubro, às 10h45.