Uma equipa de cientistas liderada por Andrea Baucon, da Universidade de Modena, e que conta com o português Carlos Neto de Carvalho, do Geopark Naturtejo e do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa, acredita que tem resposta para estas questões complexas.

A chave reside nos vestígios deixados pela interacção de formas de vida com o substrato.

A chave reside nos vestígios deixados pela interacção de formas de vida com o substrato. “A ideia não é procurar organismos extraterrestres, mas as escavações, perfurações, trilhos e marcas deixadas por estes”, diz Carlos Neto de Carvalho. Os resultados deste estudo foram publicados na “Earth-Science Reviews” e foram apresentados à Agência Espacial Europeia. O estudo procura explicar o que deve ser procurado e como o encontrar. “Trilhos ou escavações sinuosas estão entre as pistas que se espera existirem para além da Terra”, explica Andrea Baucon. Os cientistas sugerem que o movimento sinuoso corresponde a uma das estratégias mais eficientes para busca contínua de alimento, uma vez que permite a cobertura eficaz de uma área limitada sem que exista intersecção do percurso já realizado. “Podemos comparar este padrão comportamental com o movimento do tractor que tem de lavrar um terreno” propõe Carlos Neto de Carvalho. 


Pista fóssil preservada em rochas sedimentares de origem marinha profunda. Um novo estudo sugere que as escavações, perfurações e trilhos produzidos por organismos são ideais para detectar qualquer tipo de vida extraterrestre que possa ter existido. 

As premissas do novo estudo inspiram-se nas investigações realizadas nos últimos 20 anos em Penha Garcia, sítio paleontológico do concelho de Idanha-a-Nova. “Ali encontram-se abundantes marcas da actividade paleobiológica de organismos extintos há centenas de milhões de anos”, explica Carlos Neto de Carvalho. “Os vestígios de interacção biológica com os substratos resistem até às enormes pressões e elevadas temperaturas geradas pela lenta colisão de continentes e consequente formação de montanhas”, salienta Andrea Baucon. 
Se alguma vez existiu vida em planetas como Marte, é mais fácil procurar icnofósseis do que fósseis de organismos individuais, nas próximas missões.

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