Se erguer os olhos para o céu numa noite escura e límpida, vai ter a sensação de que observa um mar de estrelas. Vermelhas, azuis, grandes e pequenas, essas luzes que brilham no alto são, na verdade, bolas de gás incandescente alimentadas pelas reacções nucleares ocorridas no seu interior. Espalhadas pelo céu, por vezes são visíveis em quantidades quase esmagadoras.

Nem sempre foi assim. Nos seus primeiros 500 milhões de anos de existência, aproximadamente, os céus do jovem universo exibiam um vazio assustador. Não havia estrelas nem galáxias, não existia o brilho trémulo e espectral das nebulosas e, nem vale a pena dizê-lo, não havia planetas onde pudéssemos pousar os pés. Depois, nasceu a primeira geração de estrelas e o espaço iluminou-se. Enormes e estranhos, esses corpos celestes estavam destinados a viver uma existência tão breve quanto brilhante. É uma ironia bem conhecida que as grandes estrelas vivem depressa e morrem jovens. Ao explodirem e morrerem, essas primeiras estrelas salpicaram pelo cosmo os elementos químicos necessários para construir a geração celeste seguinte.

Vida de uma estrela

Mais do que meros pontinhos de luz, as estrelas são bolas de gases que ardem devido às fusões nucleares ocorridas no seu interior. Formam-se quando uma nuvem fria e rodopiante de gás e poeira começa a colapsar devido à sua própria gravidade. Ao contrair-se, a nuvem aquece. Mais cedo ou mais tarde, o centro da nuvem colapsada atinge tamanha temperatura e densidade que desencadeia um processo de fusão nuclear e, quando isso acontece, nasce uma estrela.

A cor de cada estrela depende da temperatura registada à sua superfície: as mais quentes exibem um tom azul ou branco brilhante e as mais frias um vermelho mortiço. O tamanho de uma estrela depende da sua massa e dos processos que acontecem no seu núcleo. A sua longevidade também depende da sua massa (entre outras causas). Durante a maior parte da sua existência, as estrelas geram hélio fundindo núcleos de hidrogénio: um processo que liberta energia para o exterior e equilibra a compressão incessante da sua própria gravidade. As estrelas, à medida que envelhecem e ficam sem combustível, começam a encarar uma morte que depende, em boa parte, da sua massa.

o que é uma estrela

Na Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia-satélite brilha, com fulgor, no aglomerado de estrelas NGC 2074. Imagem: NASA, ESA e M. Livio (STScI).

A Via Láctea

As galáxias são compostas por estrelas: a nossa, a Via Láctea, contém mais de 200 mil milhões de estrelas. Disposta numa bonita espiral, a Via Láctea nasceu há cerca de dez mil milhões de anos e mede cerca de 100 mil anos-luz de uma ponta à outra. Ao centro, alberga um buraco negro supermaciço, um potentíssimo “esgoto cósmico” que atrai e engole qualquer corpo que se aproxime o suficiente.

A Via Láctea, uma entre 100 mil milhões de galáxias que se calcula existirem no universo observável, faz parte de um aglomerado galáctico conhecido pelo nome apropriado de Grupo Local, que por sua vez pertence ao super- aglomerado de Virgem. Se observarmos estas galáxias com um telescópio potente, a primeira conclusão será que nem todas têm forma de espiral: existem numa belíssima gama de morfologias, dimensões e cores. Há algumas mais difusas, elípticas e outras parecem um borrão irregular. Algumas, como as Nuvens de Magalhães, a Grande e a Pequena, são galáxias satélites que orbitam em torno de outras galáxias como a Via Láctea.