As melhores fotografias de biologia, evolução e biodiversidade de 2023

Fungos invasores, formigas zombie ou uma baleia a ser autopsiada são alguns dos protagonistas das fotografias vencedoras da última edição do concurso BCM Ecology, focado em biologia, evolução e biodiversidade.

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Héctor Rodríguez
Héctor Rodríguez

JORNALISTA E EDITOR DE CIÊNCIA E NATUREZA

A impressionante imagem de um fungo poroso cor de laranja e invasor, conhecido como Favolaschia calocera, que destaca as potenciais ameaças que a espécie pode representar para os ecossistemas australianos, granjeou a Cornelia Sattler, investigadora da Universidade de Macquarie, na Austrália, o prémio absoluto do concurso de fotografia BMC Ecology and Evolution.
Já na sua terceira edição, e tal como em ocasiões passadas, este concurso centrado em temáticas como a biologia, a evolução e a biodiversidade, explora e expõe as maravilhas do mundo natural, tanto do passado como do presente, galardoando todos os anos aqueles que trabalham para compreendê-lo e mostrá-lo através da imagem. Nesta galeria fotográfica, damos-lhe a conhecer os vencedores e finalistas de cada categoria.

favolaschia calocera

CORNELIA SATTLER / BCM ECOLOGY 2023

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Favolaschia calocera

Fotografia vencedora absoluta do concurso

Nesta imagem podemos apreciar os corpos frutíferos do fungo poroso cor de laranja invasor Favolaschia calocera, cujas consequências ecológicas são ainda desconhecidas pela ciência.
Embora os fungos desempenhem um papel essencial na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, esta espécie visualmente chamativa está a causar preocupação.
“Apesar da sua aparência bela e inocente, este fungo poroso cor de laranja é uma espécie invasora na Austrália”, explica Cornelia Sattler, autora da imagem. “Esta espécie está a deslocar outros fungos e a espalhar-se pela floresta tropical australiana. Os corpos frutíferos de um tom brilhante de cor de laranja crescem normalmente em madeira morta e podem propagar-se através de esporos, frequentemente transportados por humanos”.
As ramificações desta espécie invasora nos ecossistemas australianos permanecem incertas, razão. Por isso, é importante monitorizar de perto e compreender o impacto deste fungo para mitigar qualquer consequência imprevista e salvaguardar a biodiversidade da Austrália. Esta fotografia permite vislumbrar um mundo que parece extremamente diferente do nosso. Os fungos são fascinantes, mas são frequentemente subestimados e pouco estudados.

rov em accao

VÍCTOR HUERTAS / BCM ECOLOGY 2023

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ROV em acção

Fotografia vencedora na categoria: Research in action

O investigador Victor Huertas, associado de pós-doutoramento do Laboratório de Ecologia Hoey Reef da Universidade James Cook, na Austrália, é o autor desta imagem que capta maravilhosamente o momento em que a equipa coloca um veículo submarino comandado à distância (ROV) em Diamond Reef, no Coral Sea Marine Park.
Este ROV tecnologicamente avançado, equipado com várias câmaras de fotografia e vídeo, é uma ferramenta essencial, permitindo estudos a profundidades muito para além do alcance dos mergulhadores. Graças a estes dispositivos, a equipa descobriu novas espécies em recifes onde nunca tinham sido documentadas, aumentando o alcance geográfico de várias espécies de peixes.
Este feito exemplifica as emoções e possibilidades derivadas do desenvolvimento e da acessibilidade proporcionada pelo uso de novas tecnologias nos estudos de campo, alargando os limites do conhecimento científico e enriquecendo a nossa compreensão da vida submarina.

Autópsia a uma baleia

JAMES BUNYAN / BCM ECOLOGY 2023

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Autópsia a uma baleia

Fotografia galardoada com o segundo prémio na categoria: Research in Action 
Vários investigadores fazem uma autópsia a uma baleia-jubarte encalhada que, lamentavelmente, faleceu.
O professor Paul Thompson, da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, que enviou a fotografia captada por James Bunyan, da Tracks Ecology, explica que, “depois da caça à baleia, a recuperação das baleias-jubarte do Atlântico Norte resultou num aumento de avistamentos desta espécie nas águas costeiras do Reino Unido, algo que também aumenta o risco de encalhamento nas águas costeiras".
Em Maio de 2023, esta jovem baleia ficou encalhada na Reserva Natural Nacional Loch Fleet, na região nordeste da Escócia, chamando a atenção da comunidade científica que, após a autópsia, confirmou que a causa mais provável do seu afogamento fora ter ficado presa em redes de pesca.
A imagem faz parte de uma série captada através de fotografia de veículos aéreos não-tripulados, documentando a autópsia e produzindo um modelo 3D da baleia usando técnicas fotogramétricas.

Faranah, Guiné Equatorial

ROBERTO GARCÍA-ROA / BCM ECOLOGY 2023

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Faranah, Guiné Equatorial

Fotografia vencedora na categoria: Protecting Our Planet
Esta fotografia captada por Roberto García-Roa, biólogo evolutivo e fotógrafo conservacionista da Universidade de Lund, na Suécia, mostra os esforços do Centro de Conservação de Chimpanzés da República da Guiné para proteger o nosso planeta e promover o desenvolvimento das comunidades locais. García-Roa explica que “este projecto de apicultura sustentável, empreendido nas povoações nos arredores de Faranah, mostra uma solução inspiradora para combater a desflorestação causada pela colheita tradicional de mel de abelhas silvestres”. “Ao cultivarem o seu próprio mel, estas pessoas evitam o abate de árvores e aumentam a produção”, acrescenta. “O que faz com que esta iniciativa seja ainda mais excepcional e que parte das receitas geradas destina-se à conservação dos chimpanzés”.
Esta fotografia é um testemunho visual de como se podem combinar aspectos muito diferentes da conservação da vida silvestre. Aqui, a apicultura melífera ajuda a gerar receitas e realça o valor das florestas e a importância do funcionamento dos ecossistemas para proporcionar serviços ecossistémicos como a polinização e a produção de mel. A conservação dos chimpanzés, nossos parentes próximos, é um resultado fundamental do compromisso da comunidade: uma situação na qual todos ganham e um excelente exemplo de como existem diversas formas de contribuir para conservar o nosso planeta.

Carcharhinus melanopterus

VÍCTOR HUERTAS / BCM ECOLOGY 2023

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Carcharhinus melanopterus

Fotografia galardoada com o segundo prémio na categoria: Protecting Our Planet

A fotografia captada por Víctor Huertas mostra a professora Jodie Rummer, da Universidade James Cook, na Austrália, a conduzir um tubarão de ponta negra (Carcharhinus melanopterus) recém-nascido em Mo’orea, na Polinésia Francesa, depois de etiquetá-lo e recolher os seus dados biométricos.
Esta espécie costuma encontrar-se em águas pouco profundas, estando, por isso, muito exposta ao aumento das temperaturas e à diminuição das concentrações de oxigénio. A equipa da Physioshark está a estudar os desafios enfrentados pelos tubarões recém-nascidos em condições ambientais que estão a mudar rapidamente.
A professora Rummer e os seus alunos têm demonstrado como, apesar da pressão exercida pelas alterações climáticas na sua fisiologia, os tubarões jovens demonstram uma resistência excepcional a estas mudanças, fazendo os cientistas acreditar que "poderão adaptar-se a um aquecimento global do oceano."

Formiga zombie

JOÃO ARAÚJO / BCM ECOLOGY 2023

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Formiga zombie

Fotografia vencedora na categoria: Plant and Fungi

João Araújo, micólogo do Jardim Botânico de Nova Iorque, é o autor desta imagem que capta uma cena fascinante do corpo frutífero de um fungo que parasitou uma formiga.
Estes fungos zombie possuem a notável capacidade de manipular o comportamento dos seus hospedeiros, obrigando os insectos a migrar para um local mais favorável ao seu crescimento.
Estes incríveis organismos infectam várias formigas Camponotini em florestas de todo o mundo, desde as regiões tropicais às temperadas. No entanto, a fotografia captada por João Araújo mostra que vida deste fungo parasítico está longe de ser simples. O investigador explica que “as florestas onde estes fungos vivem são partilhadas com linhagens de fungos microparasíticos que podem parasitar, consumir e até castrar outros fungos, como os Ophiocordyceps”. Recentemente, os cientistas começaram a catalogar e descrever estes fungos ainda desconhecidos que podem matar outros fungos.

Conquistadores fúngicos

ROBERTO GARCÍA-ROA / BCM ECOLOGY 2023

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Conquistadores fúngicos

Fotografia galardoada com o segundo prémio na categoria: Plants and Fungi
Igualmente finalista nesta categoria, esta imagem simultaneamente inquietante e fascinante captada por Roberto García-Roa mostra uma aranha aparentemente derrotada por um fungo parasítico. O investigador explica que “embora não seja raro encontrar insectos parasitados por fungos zombie na natureza, é raro ver aranhas grandes sucumbindo a estes fungos conquistadores”.
Os restos desta conquista moldada por milhares de anos de evolução encontravam-se na selva junto a um ribeiro, “presenteando-nos com uma oportunidade de aumentarmos o nosso conhecimento de quão desconhecidas, complexas e intrincadas podem ser as interacções entre organismos”.

embriao de hadrosauro

JORDAN MALLON / BCM ECOLOGY 2023

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Embrião de hadrossauro

Fotografia galardoada com o primeiro prémio na categoria: Paleoecology

Esta imagem apresentada por Jordan Mallon, do Museu Canadiano da Natureza, cativou os juízes do concurso.
A reprodução de Mallon mostra os esforços da colaboração de uma equipa de cientistas para descrever uma descoberta notável: um par de ovos com embriões de hadrossaurídeos encontrados nos leitos sedimentares vermelhos do Cretáceo Superior da China com aproximadamente 72 a 66 milhões de anos. Mallon diz que,"o tamanho relativamente pequeno dos ovos e a natureza não especializada dos embriões de dinossauro no seu interior sugerem que os primeiros hadrossauros punham ovos pequenos".
Os hadrossauros mais evoluídos punham ovos quase quatro vezes maiores em volume, dos quais eclodiam crias correspondentemente maiores.