Minúsculos insectos minam – literalmente –  sótãos, mobiliário e telhados do arquipélago. A térmita da madeira seca (Cryptotermes brevis) está em franca expansão e ainda não se conhece totalmente o seu impacte a longo prazo no património arquitectónico das principais cidades açorianas, muito do qual classificado. A ameaça é tão grave que uma equipa da Universidade dos Açores monitoriza intensivamente a progressão do insecto.

Inicialmente confundida pela população com outras espécies, como o caruncho ou a formiga de asa, a térmita está a deteriorar muitos edifícios históricos, com estruturas de madeira, sobretudo em Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. “Temos vindo a estudar a disseminação da térmita no arquipélago, mas é um trabalho hercúleo”, explica o estudante de doutoramento Orlando Guerreiro. “Trata-se de uma espécie diminuta e de difícil detecção. Neste momento, apenas três ilhas estão livres desta praga – Flores, Graciosa e Corvo.”

A espécie causa problemas na fase críptica, momento em que escava galerias na madeira. Tem 4 a 6 milímetros de comprimento e cor esbranquiçada. Raramente visível, é pelos excrementos e pela fase alada que se detecta. Vive em colónias de 50 a 300 indivíduos que, ao fim de 4 a 5 anos, atingem a maturidade (fase alada), abandonando então a colónia e criando novas colónias. O combate não é fácil. São conhecidas várias abordagens, mas nenhuma de sucesso garantido. Segundo Orlando Guerreiro, a aplicação de calor (a 49ºC) é um dos métodos mais eficazes, pois permite tratar um edifício na sua totalidade. Também se procede à injecção localizada de químicos, mas o controlo biológico é de longe o mais eficaz: aves, aranhas e sobretudo morcegos são vorazes predadores que ajudam a controlar a propagação da espécie.

Como a erradicação total é virtualmente impossível, a equipa enfatiza agora o controlo das populações desta praga, mapeando as áreas afectadas e desenhando estratégias para combater as zonas nas quais a contaminação ainda não está generalizada.

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