Os 12 vulcões que o mundo não pode ignorar

Mais de 1.350 vulcões activos ligam o interior incandescente do planeta à sua superfície. Existe, contudo, um grupo que, pelas suas características, merece atenção especial dos vulcanólogos. Apresentamos-lhe 12 dos vulcões mais perigosos da Terra.

Actualizado a

Vulcão Santa Maria
iStock

Estima-se que as erupções do vulcão Santa Maria, na Guatemala, tenham começado há cerca de 30.000 anos. No entanto, em termos de história recente, a sua primeira erupção ocorreu abruptamente em 1902, perante a incredulidade dos autóctones, que não faziam ideia de viver no sopé de um vulcão.

Héctor Rodríguez
Héctor Rodríguez

JORNALISTA E EDITOR DE CIÊNCIA E NATUREZA

Embora nem todos estejam em erupção, existem aproximadamente 1.350 vulcões activos distribuídos pelo mundo. A história já demonstrou diversas vezes que as suas erupções podem ser realmente catastróficas, tanto para os seres humanos como para muitas outras espécies. Claro exemplo disso foi a erupção do vulcão Krakatoa em 1833, na qual morreram 33.000 pessoas, ou do Monte Tambora, que ceifou a vida de 60.000 pessoas em 1815. Com efeito, a erupção do Monte Tambora foi uma daquelas erupções vulcânicas capazes de afectar o clima global. Teve grandes consequências a nível planetário, uma vez que a grande quantidade de cinzas libertada na atmosfera diminuiu a quantidade de radiação solar que chegava à Terra. Isto arrefeceu o clima ao ponto de o ano seguinte à erupção, 1816, ter passado à história como o ano sem Verão.

O manto terrestre, ou seja, o coração de magma fluido e incandescente do nosso planeta e derradeiro responsável pela actividade vulcânica, é uma entidade dinâmica, razão pela qual é inevitável que, mais cedo ou mais tarde, voltem a ocorrer grandes erupções vulcânicas, com todos os perigos que estas acarretam.

Para além de todas as ameaças intrínsecas a um vulcão, como as escoadas lávicas, as explosões, as escoadas piroclásticas ou as nuvens de cinzas, entre outras, ao calcular a periculosidade de um vulcão é importante não nos fixarmos unicamente na sua natureza ou no seu historial eruptivo, e introduzir na equação o número de pessoas que a própria erupção poderia afectar.

Com base em todos estes factores, existe actualmente uma série de vulcões que, pela sua periculosidade, o número de pessoas que vive nos seus arredores e a possibilidade de entrarem – ou de já estarem – em erupção, merece especial atenção por parte dos vulcanólogos. É possível que a classificação varie segundo os diferentes especialistas e os critérios mais valorizados por cada um deles. No entanto, muitos concordariam que estes são 12 dos vulcões mais perigosos do mundo:

  • Vulcão Taal 
  • Monte Nyiragongo
  • Caldeira Aira
  • Campo vulcânico de Michoacan-Guanajuato
  • Vulcão Popocatépelt
  • Vulcão Santa Maria
  • Monte Merapi
  • Vulcão Krakatoa
  • Monte Agung
  • Vulcão Kilauea
  • Caldeira de Yellowstone
  • Monte Vesúvio
O vulcão Taal é um dos vulcões mais activos das Filipinas e, embora não seja um vulcão muito proeminente em termos topográficos, as suas erupções pré-históricas mudaram repetidamente a paisagem do sudoeste de Luzón e provocaram diversas vítimas mortais ao longo da história.

CC

1 / 12

Vulcão Taal (Filipinas)

O vulcão Taal é um dos vulcões mais activos das Filipinas e, embora não seja um vulcão muito proeminente em termos topográficos, as suas erupções pré-históricas mudaram repetidamente a paisagem do Sudoeste de Luzón e provocaram diversas vítimas mortais ao longo da história.

O Taal possui uma caldeira chamada Talisay que se encontra repleta de magma e onde ocorreram quatro erupções de magnitude 4, segundo o índice de explosividade vulcânica, nos últimos 200 anos e uma erupção de magnitude 5 nos últimos 5.500 anos. Aliado ao facto de se encontrar rodeado por muita água, que pode originar grandes erupções explosivas, e de até 24,8 milhões de pessoas em seu redor poderem ser afectadas por uma das suas potentes erupções, isto faz com que o Taal seja um dos vulcões mais vigiados e potencialmente perigosos do mundo. 

Monte Nyiragongo

iStock

2 / 12

Monte Nyiragongo (R.D. Congo)

O Monte Nyiragongo é um estratovulcão activo com 3.471 metros de altitude situado nas montanhas Virunga, na República Democrática do Congo. Trata-se, sem dúvida, de um dos vulcões mais notáveis de todo o continente africano: um vulcão entre vulcões. Por exemplo, as suas encostas íngremes contrastam com o perfil baixo do seu vizinho, o vulcão de escudo Nyamuragira, e ele sobrepõe-se a outros dois estratovulcões mais antigos, o Baruta e o Shaheru. É um vulcão caracterizado por escoadas de lava fluida, tal como se constatou em 1977, quando o lago de lava situado na cratera do seu cume escorreu catastroficamente pelos seus flancos exteriores.

O lago de lava do Nyiragongo é o lago de lava mais volumoso que se conhece na história recente. A última vez que entrou em erupção foi em 2021, ocasião em que deslocou mais de 400.000 pessoas das suas casas. É um vulcão muito vigiado, bem como perigoso, devido à sua capacidade de apagar do mapa a cidade de Goma, situada nas suas encostas, na qual vivem cerca de 700.000 pessoas.

Caldeira Aira

iStock

3 / 12

Caldeira Aira (Japão)

A caldeira Aira é uma grande caldeira vulcânica que se encontra a sul da ilha japonesa de Kyushu. Entrou em erupção pela primeira vez há cerca de 22.000 anos e teve, em média, mais de meia dúzia de erupções de grande intensidade ao longo dos últimos 10.000 anos, durante o Holocénico. Esta enorme caldeira alimenta diversos vulcões, incluindo o vulcão Sakurajima, um dos mais activos do Japão e que teve várias erupções recentemente. As erupções da caldeira Aira caracterizam-se por grandes fluxos piroclásticos, mas o maior perigo vem do facto de viverem até 2,6 milhões de pessoas na sua zona de influência, ou seja num raio de 100 quilómetros a partir do centro da caldeira.

Campo vulcânico de Michoacan-Guanajuato

iStock

4 / 12

Campo vulcânico de Michoacan-Guanajuato (México)

O extenso campo vulcânico de Michoacán-Guanajuato, no México, contém mais de 1.400 fumarolas entre as quais se incluem os cones de cinza historicamente activos de Paricutíny Jorullo. O campo possui diversos cones de cinza, vulcões de escudo e maares. A última erupção foi a do famoso Paricutín, que terminou em 1952 e que, em nove anos, criou um cone de cinzas que se ergueu 2.800 metros acima do nível do mar. Quase seis milhões de pessoas vivem num raio de cinco quilómetros deste campo vulcânico, cuja potencial explosividade faz com que seja um dos vulcões a vigiar ao longo das próximas décadas.

Vulcão Popocatépetl

iStock

5 / 12

Vulcão Popocatépetl (México)

O Popocatépetl é um estratovulcão activo cuja última erupção ocorreu em Maio de 2023 e que teve 18 erupções nos últimos 500 anos. Trata-se do segundo vulcão mais alto do México, possuindo uma forma cónica simétrica e glaciares perenes junto à entrada da sua cratera, o que representa uma ameaça adicional.

Há anos que os vulcanólogos estudam este vulcão e uma das características que o tornam mais perigoso é que, caso entre em erupção de forma intensa, a lava poderá ser expelida tanto pela sua cratera como pelas múltiplas fissuras que o rodeiam, sendo por isso um vulcão extremamente imprevisível. Outro aspecto importante para a sua periculosidade é o facto de se encontrar a apenas 40 quilómetros da Cidade do México, onde vivem quase nove milhões de pessoas.

Vulcão Santa Maria

iStock

6 / 12

Vulcão Santa Maria (Guatemala)

Estima-se que as erupções do vulcão Santa Maria, na Guatemala, tenham começado há cerca de 30.000 anos. No entanto, em termos de história recente, a sua primeira erupção ocorreu abruptamente em 1902, perante a incredulidade dos autóctones, que não faziam ideia de viver no sopé de um vulcão.

Monte Merapi

iStock

7 / 12

Monte Merapi (Indonésia)

O monte Merapi, um dos vulcões mais activos da Indonésia, esteve em erupção durante séculos e encontra-se numa das áreas mais densamente povoadas do mundo, dominando a paisagem a norte da cidade de Yogyakarta. O seu longo historial de grandes episódios eruptivos foi diversas vezes acompanhado por fluxos piroclásticos, lahares, explosões plinianas ou avalanches de blocos incandescentes. É o vulcão mais jovem e meridional de uma cadeia vulcânica muito activa, cuja principal ameaça, os fluxos piroclásticos, pode estender-se sobre uma zona vasta, afectando até 24 milhões de pessoas – algo a valorizar tendo em conta que a sua última erupção ocorreu em Março de 2023. 

Vulcão Krakatoa

8 / 12

Vulcão Krakatoa (Indonésia)

O vulcão Krakatoa é um vulcão de caldeira situado no estreito de Sunda, entre as ilhas de Java e Sumatra, famoso pela violenta erupção ocorrida em 1883. Esta a erupção foi tão poderosa que foi ouvida em locais tão distantes como a Nova Zelândia e a região ocidental da Austrália. Considerada a segunda maior erupção ocorrida na Indonésia nos últimos 10.000 anos, causou mais de 36.000 mortes, na sua maioria consequência de devastadores maremotos que varreram as costas adjacentes de Sumatra e Java. Trata-se de um vulcão muito activo e a última vez que entrou em erupção foi a 9 de Junho de 2023. Devido à sua história recente, o Anak Krakatau, como é conhecido localmente na Indonésia, é considerado por muitos um dos vulcões mais perigosos do mundo.

Monte Agung

iStock

9 / 12

Monte Agung (Indonésia)

O estratovulcão Agung é a montanha mais alta e sagrada de Bali, na Indonésia e encontra-se numa região habitada por cerca de quatro milhões de pessoas. Embora esteja em erupção de forma quase contínua, a última grande erupção deste estratovulcão ocorreu em 1963 e foi uma das mais devastadoras da história do país: durou 11 meses e produziu uma perigosa chuva de cinzas e fluxos piroclásticos que provocaram mais de mil mortos. Entrou em erupção pela última vez em Maio de 2019

Vulcão Kilauea

Luis Manuel Vilariño Lopez / Bigpicture Competition 2019 / Academia das Ciências da Califórnia

10 / 12

Vulcão Kilauea (EUA)

O Kilauea é um vulcão de escudo situado na Grande Ilha do Hawai e um dos muitos activos no arquipélago. Com efeito, encontra-se lado a lado com outro dos vulcões mais conhecidos do Hawai, o Mauna Loa. O Kilauea esteve activo de várias formas: por exemplo, entre 2008 e 2018 a sua cratera albergou um lago de lava activo com erupções quase constantes nas fumarolas da sua encosta. Em 2018, porém, a actividade do vulcão mudou-se para outro sítio, provocando a destruição de vários povoados. Em 2023 já se registaram várias erupções. 

Caldeira de Yellowstone

iStock

11 / 12

Caldeira de Yellowstone (EUA)

Se existe um vulcão merecedor do título de vulcão mais perigoso do mundo, é o vulcão de Yellowstone: mais do que um vulcão é um supervulcão.

Se os vulcões formam montanhas, os supervulcões destroem-nas. Se os vulcões arrasam a flora e a fauna num raio de vários quilómetros, os supervulcões podem causar a extinção de toda uma espécie por provocarem alterações climáticas à escala planetária.

O campo vulcânico da meseta de Yellowstone teve três ciclos vulcânicos ao longo de dois milhões de anos, que incluíram algumas das maiores erupções conhecidas da história do nosso planeta. O primeiro ciclo foi há cerca de 2,1 milhões de anos e criou uma caldeira com mais de 75 quilómetros de comprimento conhecida como Island Park. O segundo ciclo terminou com a erupção de Mesa Falls Tuff, há cerca de 1,3 milhões de anos, formando uma caldeira com 16 quilómetros. A última grande erupção do vulcão ocorreu 640.000 anos. Actualmente, Yellowstone acolhe um dos maiores sistemas hidrotermais do mundo, incluindo a maior concentração de géiseres da Terra. Não se sabe quando voltará a entrar em erupção, mas, quando isso acontecer, é provável que a vida no nosso planeta mude para sempre.

Monte Vesúvio

iStock

12 / 12

Monte Vesúvio (Itália)

O monte Vesúvio tem sido uma ameaça constante desde que entrou em erupção no ano 79, enterrando completamente a cidade de Pompeia e alcançando as povoações de Herculano e Estábia. Com efeito, nos últimos 17.000 anos, este vulcão composto teve oito grandes erupções explosivas de tipo pliniano que foram acompanhadas por grandes fluxos piroclásticos. A sua última erupção ocorreu em 1944 e, segundo os especialistas, uma nova erupção explosiva como a do ano 79 poderá pôr em risco a vida de até seis milhões de pessoas.